segunda-feira, 15 de abril de 2013

Poema estranho de mulher em forma livre

É mulher
mulher e menina
mulher irmã. É mulher.
É sentimento
é maciez
e ser vivo
é também.
Estranha como mulher
Como a mulher?
Como à mulher?
Ou como da mulher?
Como
Vida e odeia
e ama e é.
É macia e
é mulher.
E dorme aninhada
acorda atrasada
na busca
acirrada e morre
em prantos,
por pensamentos
tantos...
E se destina
e desatina
feito a carne
que na minha boca desmancha.
Sua carne ou mesmo
a carne que faz.
E faz.
E é.
É mulher, no caso.

Yan Falcão de Figueiredo.

(dificilmente eu escrevo um poema, mais dificilmente ainda desse jeito assim tão "livre", mas quando vem a inspiração, "nóis abraça")

sexta-feira, 15 de março de 2013

Um pouco de reflexão crítica sobre a tão falada "friendzone"


Bem, primeiramente esse é um daqueles temas que eu jurei nunca escrever, mas todos sabemos que quando se jura não escrever sobre algo, é apenas porque sabemos que não estamos preparados para falar sobre aquilo, mas eventualmente a hora chega e para esse tema não foi diferente. A verdade é que eu tenho tanta coisa pra falar sobre isso que eu sequer sei por onde começar, mas posso dizer que agradeço por não estar escrevendo isso para nenhum trabalho acadêmico: abençoada seja a escrita na primeira pessoa! Nada me conforta mais do que poder usar os "eu acho" da vida aqui. Pois bem bora lá.

Acredito eu, humildemente, que a forma mais prudente de iniciar o assunto seria solidificar uma definição, já que tamanho anglicismo popular é, sem sombra de dúvidas, no mínimo um termo instável. Mas como podemos definir o que é essa tal "friendzone"? Bem, ao meu ver, é quando um rapaz se interessa por uma garota, de maneira que deseja ter uma relação afetiva íntima com ela, enquanto esta busca apenas a amizade; lembrando que os papéis do garoto e da garota podem inverter-se, dependendo das pessoas em questão. O problema nessa questão de definição, é que a palavra "friendzone" acaba sofrendo do mesmo mal que a palavra "gay": Ela não engloba simplesmente o significado que lhe é a essência, mas sim uma série de comportamentos geralmente associados ao seu significado essencial. Por exemplo, "gay" é o homem que atrai-se por outros homens, simples assim. Mas quando se pensa em gay, se pensa em uma série de valores culturais e sociais associados aos gays, como um homem ser afeminado, usar maquiagem, pintar as unhas, gostar de divas pop (ou venerá-las), etc. O mesmo observamos com "friendzone", que além de situação, ou local psico-social, ainda serve de adjetivo: chama-se friendzone àquele rapaz ou moça que "está" na friendzone. Não somente existe essa ambiguidade, mas também o adjetivo carrega uma série de comportamentos além de simplesmente significar "aquele que está na friendzone": O friendzone é aquele que venera a garota com o amor romântico do século retrasado, aquele amor idealista mesmo; é aquele que lhe faz todas as vontades e lhe serve como capacho o tempo todo; aquele que lhe suporta quaisquer maus tratos, psicológicos ou físicos; que lhe serve de conselheiro para as relações amorosas das quais ele mesmo gostaria de fazer parte; o rapaz que sempre está lá para que ela chore em seu ombro por nenhum homem apreciá-la de verdade, etc. Claro que caso não esteja na friendzone, nenhuma dessas situações lhe acarreta o adjetivo, mas vejamos bem que no momento em que nela o rapaz encontra-se, lá estarão todos esses comportamentos incluídos no adjetivo que lhe vão atribuir. Espero que essa definição esteja clara, pois irei usá-la pelo resto do texto. Recapitulando: Friendzone refere-se tanto à zona psico-social em que se encontra o amigo de amor incorrespondido, quanto ele próprio e os comportamentos normalmente associados com essa zona psico-social.

A primeira coisa que acho prudente, agora que possuímos uma definição um pouco mais concreta, é analisarmos alguns argumentos daqueles que reclamam sobre isso, os próprios friendzones e os contra-argumentos das moças que os colocam lá. Normalmente esses jovens reclamam que a garota só lhe quer a amizade, quando ele tem tanto amor para lhe dar; que ela lhe diz amar, porém "só como amigo"; que ela implora para encontrar um homem que a ame de verdade e trate bem, mas ignora aquele que está bem debaixo de seu nariz. Enquanto isso as garotas contra-argumentam que não são obrigadas a sentir a mesma coisa por seus amigos friendzones, que jamais se pode impôr a correspondência de sentimentos e outras coisas nessa linha argumentativa. Mas na minha opinião ambos são medíocres. Posso dizer com grande eloquência que já estive tanto na posição de friendzone quanto na posição daquele que coloca a outra pessoa lá. Sei que nenhuma das posições são prazeirosas e sei que eventualmente dá aquela raivinha da pessoa que recusa-se a lhe dar uma chance, assim como uma raivinha da amizade insistente que praticamente implora para que seu "algoz" lhe beije a boca pelo menos uma vez antes da morte. É verdade que na mente do friendzone, estaria ele construindo a relação que deseja com a pessoa amada, afinal está próximo e "olhar e gostar só de longe não faz ninguém chegar perto" como disse o grande mestre Cartola. Mas o mesmo grande mestre também avisou à jovem dama que "de cada amor herdarás só o cinismo" não é? E sabe bem disso a pessoa que coloca o friendzone em dita situação. E que lamentável situação, destruidora do orgulho de qualquer homem ou mulher! Porém inevitável. Só que tem um ponto onde quero chegar que acredito ser deveras importante. Sabe quando a pessoa diz "De você quero apenas a amizade."? Isso não significa uma falta de sentimentos, mas sim, obviamente (para mim, mas obscuro para muitos!), uma falta de ATRAÇÃO. É, amigos, a porra ficou séria de vez. Quando se ouve o típico "de você quero apenas a amizade", deve-se traduzi-lo imediatamente para "gosto de você e de sua companhia o suficiente para estabelecermos uma relação afetiva, MAS VOCÊ É FEIO." Sei que isso deve doer em muitos, mas a veracidade é incontestável. Minha opinião formada sobre esse assunto, é essa. Desistam, friendzones, porque se a pessoa acha que você é feio, a relação só há de te consumir, falta a atração, que é fundamental à relação afetiva que buscam. Só que eu tenho mais ainda a dizer.

Quem leu até aqui, deve estar pensando uma de duas coisas... Se for uma pessoa sensata, está pensando: "Você é muito inocente, nem todas as garotas pensam em atração, especialmente quando se trata das mais novas, muitas simplesmente requerem estar apaixonadas, paixão que elas ainda não sabem que é apenas um produto da atração misturado a outros sentimentos!" Agora se você for uma garota bobinha, deve estar pensando algo parecido mas com sentido totalmente diferente: "Aff nada a ver, é que só quer a amizade, não quer o amor! Só gosta como amigo!" Não preciso explicar aqui que "gostar de alguém só como amigo" não passa de um outro nome para "gostar sem sentir atração"... Ora, eu gosto dos meus amigos homens assim! Essas meninas mais novas (fisica ou mentalmente) que pensam dessa forma são apenas um exemplo da situação que descrevi no parágrafo anterior, mas devo comentar ainda outro caso: O que a menina sente-se atraída, aprecia a companhia, etc... Mas se recusa a ter uma relação com o rapaz pelo simples fato de que "não o ama", ou seja, não está apaixonada. É muito lamentável que exista isso, mas algumas meninas ainda se recusam a ter uma relação afetiva com alguém por quem se atraem e possuem apreço, simplesmente por estarem esperando um romance ardente saído de contos de fada e livros do período romântico. Essas desmioladas, demasiado ingênuas e que nada viram da vida ou do mundo, são realmente um constructo social trágico, já no século XIX o romantismo ridículo caiu por terra e elas ainda o buscam incessantemente, esperando por seus príncipes encantados que nunca virão, abastecidas pela terrível pseudo-literatura das comédias românticas do cinema, ou de excrementos em forma de livros como Crepúsculo. É claro que ainda existem casos especiais, mas que acabam por traduzir-se nestes por mim descritos. Um exemplo seria a friendzone onde o empecilho é a orientação sexual, por exemplo "João é gay e gosta de Pedro, seu amigo hétero." Mas mesmo nesse caso, não deixa de ser uma situação onde o empecilho é a falta de atração, problema contra o qual nada pode ser feito. Também existe a barreira financeira, onde fulana pensa "Gosto de fulano, mas ele é pobre, não pode me dar um futuro." É claro que hoje em dia não há tantas mulheres que pensam isso (homens que pensam assim não têm a desculpa da herança social para esconder seu interesse por trás, são aproveitadores de fato), mas nesse caso não deixa de ser a garota que espera por um príncipe, só que dessa vez o que caracteriza um, é o poder aquisitivo.

Acho que eu tinha muito mais a falar sobre esse tema... Dava até para escrever um livro, mas não é um tema rico ou importante o suficiente para que se escreva um livro sobre isso, acho eu. Então é isso espero que tenham gostado. Eu queria conseguir escrever algo assim para o blog sempre, mas infelizmente a inspiração não bate sempre à porta.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Curtindo e compartilhando a vida... Ou seria a morte?

Vejam bem pessoas, eu já critiquei muito as redes sociais aqui, como vocês podem ver, por exemplo, neste post. Mas eu entendo que elas não são inteiramente ruins e tem lá suas pseudo-utilidades, não me entendam mal. Só que esse texto há de, novamente, descer a lenha e ele é fruto de uma rápida reflexão que tive agora há pouco enquanto mechia no meu livro de rostos.

A questão é que, como todos (ou quase todos) sabem, o facebook funciona da seguinte forma: Você adciona pessoas ou dá um "Curtir" em páginas e então aquilo que as pessoas ou páginas compartilham (e curtem em alguns casos) aparece na sua "timeline", que é como diz o nome, uma linha do tempo onde você vê o que estão postando. Daí você pode curtir, comentar e, principalmente, compartilhar alguma dessas coisas e ela vai aparecer na timeline de todos os seus amigos, sendo que para cada um deles que compartilhar, aparecerá na timeline de todos os amigos dele e assim vai. "Mas já sabemos disso, Yan! Por que você está descrevendo o funcionamento do facebook pra gente, cara?" O negócio é que é esse sistema, principalmente, que torna o facebook uma ferramenta de divulgação tão poderosa. E isso também se dá porque por algum milagre, as pessoas VÊEM o que é postado, afinal se aquele pit boy da balada compartilhar uma foto defendendo a união civil homossexual, não vai pegar bem pra ele no dia seguinte, né?

Fiz um teste para colocar isso à prova esses dias. Escrevi um texto não mais polêmico do que todos que posto aqui no blog e, ao invés de colocar o link do blog lá, dizendo "Vejam meu blog, escrevi um texto" e não ter nenhum comentário aqui como de costume, postei o texto diretamente lá (no caso a postagem anterior). E não é que recebi uma enxurrada de comentários e gente dando lições sobre como a existência humana é fofinha? Bem, fiquei muito feliz com a repercussão que teve aquele post, foi de longe o mais bem sucedido de todo o blog, isso porque nem foi o melhor, pasmem! Isso mostra como ter facebook compensa de vez em quando e faz com que eu me arrependa um pouco menos de ter reativado o meu.




Mas na verdade tudo isso foram apenas alguns comentários, o que eu quero mesmo falar começa agora. A questão é que o facebook me parece muito impessoal. É verdade que quando a pessoa comenta uma postagem sua lá, é outra história, mas o quão impessoal é um simples compartilhamento ou curtida? "Como assim, Yan? Não aparece a pessoinha que curtiu ou compartilhou um post seu?" Aparece sim. Só que aparece lá "Fulano curtiu, fulano compartilhou, etc." e é isso! Assim não que eu ache que o sistema do facebook poderia fazer isso de uma melhor forma, mas é que eu noto que tem gente que não gostaria de me ver na frente nem pintado de ouro, curtindo e compartilhando algumas coisas que eu curti ou compartilhei, às vezes até tem comentários do mesmo teor!

A rede social aproxima as pessoas? Parece o contrário, porque me parece que as pessoas se aproveitam da distância para exercer esse "convívio" internético da forma mais impessoal possível. A curtida, ainda mais que a compartilhada, é quase pornográfica, você vai lá, aperta um clique e pronto, não doeu nadinha, não se expôs, não pareceu uma indireta, não exerceu nenhuma relação com a pessoa que postou aquilo, não exerceu de fato uma ação de convívio social, mas sim expôs à luz uma rede que se baseia, principalmente, na antissocialização! O curtir, aquele joinha azul imbecil, tão simbólico, tão trademark do facebook joga à luz o quão impessoal a rede é, o quanto as ações online das pessoas NÃO fazem parte do mundo real, como alguns dizem fazer. Mas não fazem! Não fazem parte de nossa mente, de nossas relações, de nada! Você que tá lendo, consegue lembrar (sem olhar, ein!) as últimas dez coisas que você curtiu?

No orkut já existia isso de você adcionar uma pessoa que você nem conhece, ou que você só conhece e mais nada e adcionar por isso... Mas no facebook a coisa piora de vez. Piora porque no facebook, quando adciona-se uma pessoa nessas condições (e nem diga que você não faz isso, pessoa que lê!), você ainda curte, compartilha e comenta as coisas que ela posta, SIMULANDO, e repito, SIMULANDO uma interação! Fazendo o usuário do facebook sentir como se realmente existisse um convívio social onde há tudo menos isso! Mas claro, ainda podem dizer "Ah mas eu realmente me relaciono com amigos do facebook porque de vez em quando eles postam algo que só amigos entendem, piadas internas, etc! Aí eu curto e meus amigos vêem 'ah, fulano curtiu! Ele entendeu! Nossa é nóis!' ou então debato com eles nos comentários de alguma postagem deles!" Isso tudo é válido sim, mas... Essas não seriam pessoas com as quais você já se relacionava antes?

É claro que há excessões, não sou imbecil o suficiente pra dizer que não, o mensageiro imbutido no facebook consegue possibilitá-las, inclusive, mas no geral não há, não! No geral são apenas simulações fúteis, normalmente um programa de 20 minutos com uma meretriz qualquer possui uma interação social maior que o facebook.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Meu pessimismo, de mim pra mim e também pra todo mundo




A primeira anotação importante é: Deus não te ama. Não te ama porque ele não existe, exatamente. Se existisse também não amaria, afinal se amasse sua vida seria boa. Ou será que não? A questão é que não ama. A segunda coisa é: Você não é importante, não vai ser importante, não quer ser. Mas o que seria a importância do ser humano? Porra nenhuma, já que nem pra humanidade, um grupo de seres vivos destrutivo e sem razão nenhuma de existência, nem para a humanidade um ser humano consegue ser importante, na maioria das vezes. E também não vai ser rico! Isto é, se essa for sua noção de importante, também tire o cavalinho da chuva, porque não vai rolar! Eu mesmo não quero ser rico, acho meio perda de tempo, mas tem gente que quer e sabe.... Não vai ser!

Agora tem também aqueles que só querem se estabilizar, lutam e lutam para ter a tão famosa "estabilidade". Mas o que seria ela? Bem, pela luta que as pessoas travam deve ser algo importante, né? Assim, muito importante, ao ponto de as pessoas gastarem a vida inteira delas pensando em conseguir isso. Bem, o resultado que eu vejo é um monte de gente que trabalha pros outros 8 horas por dia, ganha um salário razoável e chega numa casa razoável de noite pra entupir a cabeça de algum entretenimento vazio como jogar video-game, entrar no facebook ou assistir novela. De fato a estabilidade parece ser um sonho incrível de se atingir, né?! A felicidade pura!! Só que não.

Então de onde vem o entusiasmo das pessoas? De seu trabalho duro pra fazer algo que há muitos que fazem melhor? Acho que não. Acho que vem da vontade delas de fazer sexo, Ora, vamos pensar bem... Quer encontrar um amor? Sexo. Quer dinheiro? Sexo. Quer estabilidade? Bem, quer uma rotina onde haja sexo! É sempre isso, sempre será, humanidade carregando sempre um legado de um bando de vermes pútridos que insistem que são importantes e significativos. Que querem dar nomes mais bonitos a sublimações infelizes de instintos, infelizes e trazedoras de infelicidades. Que desejam profundamente uma saída para um mundo onde... Onde o quê? O que seria um mundo perfeito, afinal? Alguns com certeza devem achar um mundo cheio de sexo e estabilidade...

E assim vamos, todos nós vermes pútridos carregando nossos mais profundos instintos, demandando a verdade e a sinceridade como pontos de partida enquanto somos os mais profundos mentirosos nojentos; levando a hipocrisia tão a sério que sequer sabemos o que é real; escolhendo a representação ao invés do real cem por cento do tempo, aliviando nossas frustrações em mais interpretações, cada vez mais complexas e intricadas umas nas outras, onde jogamos nosso video-game, damos nossas porradas e trepamos feito coelhos no cio, acreditando que isso é a felicidade mais pura... Quando não passam de escapes para que não pensemos na verdade máxima que gera esse buraco em nosso peito: Nossa vida e existência não faz sentido e a felicidade é, em última instância, inalcansável.