segunda-feira, 15 de abril de 2013

Poema estranho de mulher em forma livre

É mulher
mulher e menina
mulher irmã. É mulher.
É sentimento
é maciez
e ser vivo
é também.
Estranha como mulher
Como a mulher?
Como à mulher?
Ou como da mulher?
Como
Vida e odeia
e ama e é.
É macia e
é mulher.
E dorme aninhada
acorda atrasada
na busca
acirrada e morre
em prantos,
por pensamentos
tantos...
E se destina
e desatina
feito a carne
que na minha boca desmancha.
Sua carne ou mesmo
a carne que faz.
E faz.
E é.
É mulher, no caso.

Yan Falcão de Figueiredo.

(dificilmente eu escrevo um poema, mais dificilmente ainda desse jeito assim tão "livre", mas quando vem a inspiração, "nóis abraça")

sexta-feira, 15 de março de 2013

Um pouco de reflexão crítica sobre a tão falada "friendzone"


Bem, primeiramente esse é um daqueles temas que eu jurei nunca escrever, mas todos sabemos que quando se jura não escrever sobre algo, é apenas porque sabemos que não estamos preparados para falar sobre aquilo, mas eventualmente a hora chega e para esse tema não foi diferente. A verdade é que eu tenho tanta coisa pra falar sobre isso que eu sequer sei por onde começar, mas posso dizer que agradeço por não estar escrevendo isso para nenhum trabalho acadêmico: abençoada seja a escrita na primeira pessoa! Nada me conforta mais do que poder usar os "eu acho" da vida aqui. Pois bem bora lá.

Acredito eu, humildemente, que a forma mais prudente de iniciar o assunto seria solidificar uma definição, já que tamanho anglicismo popular é, sem sombra de dúvidas, no mínimo um termo instável. Mas como podemos definir o que é essa tal "friendzone"? Bem, ao meu ver, é quando um rapaz se interessa por uma garota, de maneira que deseja ter uma relação afetiva íntima com ela, enquanto esta busca apenas a amizade; lembrando que os papéis do garoto e da garota podem inverter-se, dependendo das pessoas em questão. O problema nessa questão de definição, é que a palavra "friendzone" acaba sofrendo do mesmo mal que a palavra "gay": Ela não engloba simplesmente o significado que lhe é a essência, mas sim uma série de comportamentos geralmente associados ao seu significado essencial. Por exemplo, "gay" é o homem que atrai-se por outros homens, simples assim. Mas quando se pensa em gay, se pensa em uma série de valores culturais e sociais associados aos gays, como um homem ser afeminado, usar maquiagem, pintar as unhas, gostar de divas pop (ou venerá-las), etc. O mesmo observamos com "friendzone", que além de situação, ou local psico-social, ainda serve de adjetivo: chama-se friendzone àquele rapaz ou moça que "está" na friendzone. Não somente existe essa ambiguidade, mas também o adjetivo carrega uma série de comportamentos além de simplesmente significar "aquele que está na friendzone": O friendzone é aquele que venera a garota com o amor romântico do século retrasado, aquele amor idealista mesmo; é aquele que lhe faz todas as vontades e lhe serve como capacho o tempo todo; aquele que lhe suporta quaisquer maus tratos, psicológicos ou físicos; que lhe serve de conselheiro para as relações amorosas das quais ele mesmo gostaria de fazer parte; o rapaz que sempre está lá para que ela chore em seu ombro por nenhum homem apreciá-la de verdade, etc. Claro que caso não esteja na friendzone, nenhuma dessas situações lhe acarreta o adjetivo, mas vejamos bem que no momento em que nela o rapaz encontra-se, lá estarão todos esses comportamentos incluídos no adjetivo que lhe vão atribuir. Espero que essa definição esteja clara, pois irei usá-la pelo resto do texto. Recapitulando: Friendzone refere-se tanto à zona psico-social em que se encontra o amigo de amor incorrespondido, quanto ele próprio e os comportamentos normalmente associados com essa zona psico-social.

A primeira coisa que acho prudente, agora que possuímos uma definição um pouco mais concreta, é analisarmos alguns argumentos daqueles que reclamam sobre isso, os próprios friendzones e os contra-argumentos das moças que os colocam lá. Normalmente esses jovens reclamam que a garota só lhe quer a amizade, quando ele tem tanto amor para lhe dar; que ela lhe diz amar, porém "só como amigo"; que ela implora para encontrar um homem que a ame de verdade e trate bem, mas ignora aquele que está bem debaixo de seu nariz. Enquanto isso as garotas contra-argumentam que não são obrigadas a sentir a mesma coisa por seus amigos friendzones, que jamais se pode impôr a correspondência de sentimentos e outras coisas nessa linha argumentativa. Mas na minha opinião ambos são medíocres. Posso dizer com grande eloquência que já estive tanto na posição de friendzone quanto na posição daquele que coloca a outra pessoa lá. Sei que nenhuma das posições são prazeirosas e sei que eventualmente dá aquela raivinha da pessoa que recusa-se a lhe dar uma chance, assim como uma raivinha da amizade insistente que praticamente implora para que seu "algoz" lhe beije a boca pelo menos uma vez antes da morte. É verdade que na mente do friendzone, estaria ele construindo a relação que deseja com a pessoa amada, afinal está próximo e "olhar e gostar só de longe não faz ninguém chegar perto" como disse o grande mestre Cartola. Mas o mesmo grande mestre também avisou à jovem dama que "de cada amor herdarás só o cinismo" não é? E sabe bem disso a pessoa que coloca o friendzone em dita situação. E que lamentável situação, destruidora do orgulho de qualquer homem ou mulher! Porém inevitável. Só que tem um ponto onde quero chegar que acredito ser deveras importante. Sabe quando a pessoa diz "De você quero apenas a amizade."? Isso não significa uma falta de sentimentos, mas sim, obviamente (para mim, mas obscuro para muitos!), uma falta de ATRAÇÃO. É, amigos, a porra ficou séria de vez. Quando se ouve o típico "de você quero apenas a amizade", deve-se traduzi-lo imediatamente para "gosto de você e de sua companhia o suficiente para estabelecermos uma relação afetiva, MAS VOCÊ É FEIO." Sei que isso deve doer em muitos, mas a veracidade é incontestável. Minha opinião formada sobre esse assunto, é essa. Desistam, friendzones, porque se a pessoa acha que você é feio, a relação só há de te consumir, falta a atração, que é fundamental à relação afetiva que buscam. Só que eu tenho mais ainda a dizer.

Quem leu até aqui, deve estar pensando uma de duas coisas... Se for uma pessoa sensata, está pensando: "Você é muito inocente, nem todas as garotas pensam em atração, especialmente quando se trata das mais novas, muitas simplesmente requerem estar apaixonadas, paixão que elas ainda não sabem que é apenas um produto da atração misturado a outros sentimentos!" Agora se você for uma garota bobinha, deve estar pensando algo parecido mas com sentido totalmente diferente: "Aff nada a ver, é que só quer a amizade, não quer o amor! Só gosta como amigo!" Não preciso explicar aqui que "gostar de alguém só como amigo" não passa de um outro nome para "gostar sem sentir atração"... Ora, eu gosto dos meus amigos homens assim! Essas meninas mais novas (fisica ou mentalmente) que pensam dessa forma são apenas um exemplo da situação que descrevi no parágrafo anterior, mas devo comentar ainda outro caso: O que a menina sente-se atraída, aprecia a companhia, etc... Mas se recusa a ter uma relação com o rapaz pelo simples fato de que "não o ama", ou seja, não está apaixonada. É muito lamentável que exista isso, mas algumas meninas ainda se recusam a ter uma relação afetiva com alguém por quem se atraem e possuem apreço, simplesmente por estarem esperando um romance ardente saído de contos de fada e livros do período romântico. Essas desmioladas, demasiado ingênuas e que nada viram da vida ou do mundo, são realmente um constructo social trágico, já no século XIX o romantismo ridículo caiu por terra e elas ainda o buscam incessantemente, esperando por seus príncipes encantados que nunca virão, abastecidas pela terrível pseudo-literatura das comédias românticas do cinema, ou de excrementos em forma de livros como Crepúsculo. É claro que ainda existem casos especiais, mas que acabam por traduzir-se nestes por mim descritos. Um exemplo seria a friendzone onde o empecilho é a orientação sexual, por exemplo "João é gay e gosta de Pedro, seu amigo hétero." Mas mesmo nesse caso, não deixa de ser uma situação onde o empecilho é a falta de atração, problema contra o qual nada pode ser feito. Também existe a barreira financeira, onde fulana pensa "Gosto de fulano, mas ele é pobre, não pode me dar um futuro." É claro que hoje em dia não há tantas mulheres que pensam isso (homens que pensam assim não têm a desculpa da herança social para esconder seu interesse por trás, são aproveitadores de fato), mas nesse caso não deixa de ser a garota que espera por um príncipe, só que dessa vez o que caracteriza um, é o poder aquisitivo.

Acho que eu tinha muito mais a falar sobre esse tema... Dava até para escrever um livro, mas não é um tema rico ou importante o suficiente para que se escreva um livro sobre isso, acho eu. Então é isso espero que tenham gostado. Eu queria conseguir escrever algo assim para o blog sempre, mas infelizmente a inspiração não bate sempre à porta.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Curtindo e compartilhando a vida... Ou seria a morte?

Vejam bem pessoas, eu já critiquei muito as redes sociais aqui, como vocês podem ver, por exemplo, neste post. Mas eu entendo que elas não são inteiramente ruins e tem lá suas pseudo-utilidades, não me entendam mal. Só que esse texto há de, novamente, descer a lenha e ele é fruto de uma rápida reflexão que tive agora há pouco enquanto mechia no meu livro de rostos.

A questão é que, como todos (ou quase todos) sabem, o facebook funciona da seguinte forma: Você adciona pessoas ou dá um "Curtir" em páginas e então aquilo que as pessoas ou páginas compartilham (e curtem em alguns casos) aparece na sua "timeline", que é como diz o nome, uma linha do tempo onde você vê o que estão postando. Daí você pode curtir, comentar e, principalmente, compartilhar alguma dessas coisas e ela vai aparecer na timeline de todos os seus amigos, sendo que para cada um deles que compartilhar, aparecerá na timeline de todos os amigos dele e assim vai. "Mas já sabemos disso, Yan! Por que você está descrevendo o funcionamento do facebook pra gente, cara?" O negócio é que é esse sistema, principalmente, que torna o facebook uma ferramenta de divulgação tão poderosa. E isso também se dá porque por algum milagre, as pessoas VÊEM o que é postado, afinal se aquele pit boy da balada compartilhar uma foto defendendo a união civil homossexual, não vai pegar bem pra ele no dia seguinte, né?

Fiz um teste para colocar isso à prova esses dias. Escrevi um texto não mais polêmico do que todos que posto aqui no blog e, ao invés de colocar o link do blog lá, dizendo "Vejam meu blog, escrevi um texto" e não ter nenhum comentário aqui como de costume, postei o texto diretamente lá (no caso a postagem anterior). E não é que recebi uma enxurrada de comentários e gente dando lições sobre como a existência humana é fofinha? Bem, fiquei muito feliz com a repercussão que teve aquele post, foi de longe o mais bem sucedido de todo o blog, isso porque nem foi o melhor, pasmem! Isso mostra como ter facebook compensa de vez em quando e faz com que eu me arrependa um pouco menos de ter reativado o meu.




Mas na verdade tudo isso foram apenas alguns comentários, o que eu quero mesmo falar começa agora. A questão é que o facebook me parece muito impessoal. É verdade que quando a pessoa comenta uma postagem sua lá, é outra história, mas o quão impessoal é um simples compartilhamento ou curtida? "Como assim, Yan? Não aparece a pessoinha que curtiu ou compartilhou um post seu?" Aparece sim. Só que aparece lá "Fulano curtiu, fulano compartilhou, etc." e é isso! Assim não que eu ache que o sistema do facebook poderia fazer isso de uma melhor forma, mas é que eu noto que tem gente que não gostaria de me ver na frente nem pintado de ouro, curtindo e compartilhando algumas coisas que eu curti ou compartilhei, às vezes até tem comentários do mesmo teor!

A rede social aproxima as pessoas? Parece o contrário, porque me parece que as pessoas se aproveitam da distância para exercer esse "convívio" internético da forma mais impessoal possível. A curtida, ainda mais que a compartilhada, é quase pornográfica, você vai lá, aperta um clique e pronto, não doeu nadinha, não se expôs, não pareceu uma indireta, não exerceu nenhuma relação com a pessoa que postou aquilo, não exerceu de fato uma ação de convívio social, mas sim expôs à luz uma rede que se baseia, principalmente, na antissocialização! O curtir, aquele joinha azul imbecil, tão simbólico, tão trademark do facebook joga à luz o quão impessoal a rede é, o quanto as ações online das pessoas NÃO fazem parte do mundo real, como alguns dizem fazer. Mas não fazem! Não fazem parte de nossa mente, de nossas relações, de nada! Você que tá lendo, consegue lembrar (sem olhar, ein!) as últimas dez coisas que você curtiu?

No orkut já existia isso de você adcionar uma pessoa que você nem conhece, ou que você só conhece e mais nada e adcionar por isso... Mas no facebook a coisa piora de vez. Piora porque no facebook, quando adciona-se uma pessoa nessas condições (e nem diga que você não faz isso, pessoa que lê!), você ainda curte, compartilha e comenta as coisas que ela posta, SIMULANDO, e repito, SIMULANDO uma interação! Fazendo o usuário do facebook sentir como se realmente existisse um convívio social onde há tudo menos isso! Mas claro, ainda podem dizer "Ah mas eu realmente me relaciono com amigos do facebook porque de vez em quando eles postam algo que só amigos entendem, piadas internas, etc! Aí eu curto e meus amigos vêem 'ah, fulano curtiu! Ele entendeu! Nossa é nóis!' ou então debato com eles nos comentários de alguma postagem deles!" Isso tudo é válido sim, mas... Essas não seriam pessoas com as quais você já se relacionava antes?

É claro que há excessões, não sou imbecil o suficiente pra dizer que não, o mensageiro imbutido no facebook consegue possibilitá-las, inclusive, mas no geral não há, não! No geral são apenas simulações fúteis, normalmente um programa de 20 minutos com uma meretriz qualquer possui uma interação social maior que o facebook.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Meu pessimismo, de mim pra mim e também pra todo mundo




A primeira anotação importante é: Deus não te ama. Não te ama porque ele não existe, exatamente. Se existisse também não amaria, afinal se amasse sua vida seria boa. Ou será que não? A questão é que não ama. A segunda coisa é: Você não é importante, não vai ser importante, não quer ser. Mas o que seria a importância do ser humano? Porra nenhuma, já que nem pra humanidade, um grupo de seres vivos destrutivo e sem razão nenhuma de existência, nem para a humanidade um ser humano consegue ser importante, na maioria das vezes. E também não vai ser rico! Isto é, se essa for sua noção de importante, também tire o cavalinho da chuva, porque não vai rolar! Eu mesmo não quero ser rico, acho meio perda de tempo, mas tem gente que quer e sabe.... Não vai ser!

Agora tem também aqueles que só querem se estabilizar, lutam e lutam para ter a tão famosa "estabilidade". Mas o que seria ela? Bem, pela luta que as pessoas travam deve ser algo importante, né? Assim, muito importante, ao ponto de as pessoas gastarem a vida inteira delas pensando em conseguir isso. Bem, o resultado que eu vejo é um monte de gente que trabalha pros outros 8 horas por dia, ganha um salário razoável e chega numa casa razoável de noite pra entupir a cabeça de algum entretenimento vazio como jogar video-game, entrar no facebook ou assistir novela. De fato a estabilidade parece ser um sonho incrível de se atingir, né?! A felicidade pura!! Só que não.

Então de onde vem o entusiasmo das pessoas? De seu trabalho duro pra fazer algo que há muitos que fazem melhor? Acho que não. Acho que vem da vontade delas de fazer sexo, Ora, vamos pensar bem... Quer encontrar um amor? Sexo. Quer dinheiro? Sexo. Quer estabilidade? Bem, quer uma rotina onde haja sexo! É sempre isso, sempre será, humanidade carregando sempre um legado de um bando de vermes pútridos que insistem que são importantes e significativos. Que querem dar nomes mais bonitos a sublimações infelizes de instintos, infelizes e trazedoras de infelicidades. Que desejam profundamente uma saída para um mundo onde... Onde o quê? O que seria um mundo perfeito, afinal? Alguns com certeza devem achar um mundo cheio de sexo e estabilidade...

E assim vamos, todos nós vermes pútridos carregando nossos mais profundos instintos, demandando a verdade e a sinceridade como pontos de partida enquanto somos os mais profundos mentirosos nojentos; levando a hipocrisia tão a sério que sequer sabemos o que é real; escolhendo a representação ao invés do real cem por cento do tempo, aliviando nossas frustrações em mais interpretações, cada vez mais complexas e intricadas umas nas outras, onde jogamos nosso video-game, damos nossas porradas e trepamos feito coelhos no cio, acreditando que isso é a felicidade mais pura... Quando não passam de escapes para que não pensemos na verdade máxima que gera esse buraco em nosso peito: Nossa vida e existência não faz sentido e a felicidade é, em última instância, inalcansável.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Conto: Situações da vida...

"E essa aliança aí? Não to te conhecendo ein..." Ele disse rindo de leve. Parecia criança, fazendo essas perguntas como alguém que se importa, ou como alguém que me conhece. Eu só queria dar o fora, deixar aquele babaca a ver navios o mais depressa possível, mas os códigos de educação que nos são impostos desde a infância me obrigavam a ficar ali ouvindo aquele monte de merda. "Ah, tô namorando faz um tempo já, nada demais." Desconversei, buscava simplesmente uma forma de poder ir logo pra casa ou qualquer lugar, mas ele continuou com um típico "É gostosa?"... "Não tanto quanto a sua mãe" foi a resposta que me veio à cabeça, pior que nem assim ele iria embora, iria querer me bater e daí seria pior porque eu poderia acabar na delegacia após prestar o serviço social de espancar um inútil retardado desses.

Quando terminei a escola acreditei que havia chegado enfim o momento de liberdade onde eu não seria mais forçado a conviver com um bando de gente ignorante. Erro meu, os desgraçados ainda me reconhecem na rua e se aproveitam de minha cordialidade. Sempre me odiei por ser uma dessas pessoas legais que trata todo mundo bem, mesmo sem querer ou gostar de ninguém. Sabe, né, essas pessoas naturalmente sociáveis? Pois é, são tipo eu. "Ei, tá aí truta? Tu entrou numa brisa louca" ele me deu um empurrão no ombro. "NÃO ENCOSTA A MÃO EM MIM, ESCÓRIA." Foco, foco. Eu ri da forma menos amarela possível (o que já foi mais amarelo que o Sol) e disse que apenas estava pensando, ele ignorou e já me interpelou repetindo a pergunta tão imbecil: "É gostosa?" Não, pior que não é gostosa, se é isso que você está pensando. Magricela feito uma porta, acho que a bunda menos carnuda que eu já comi.

Aliás, essa sociabilidade que me odeio por ter acaba compensando quando é pra conseguir uma foda, as meninas acabam achando que eu sou legal e já vão logo abrindo as pernas mediante alguma conversa mole. Ah! Foco! Estava falando da bunda. Bunda de gaveta, dessas que não dá vontade de comer o cu da garota e ainda não tem peito. As coxinhas são pegáveis assim mas nada de especial. Ainda bem que é bonita, senão ia ser uma tábua feia. Mas eu talvez gostasse assim mesmo, sei lá.

"Sim, gostosa." Menti. Ele riu, "Aí sim!" e me deu um tapa nas costas. Desgraça, mas por que esses merdas têm de ser tão invasivos com o espaço individual das pessoas? Será que quando quer comer alguém já chega enfiando o pinto também?! Nesse ponto eu já comecei a ficar nervoso, o que é bem diferente de meu estado "de saco cheio" anterior. Só conseguia ficar criando teorias sobre como eu dispensaria aquele chato o mais rápido possível. E ele começou a divagar... "Eu tava pegando uma mina aí, também, mas daí..." Bla bla bla, enquanto estivesse apenas divagando assim, eu poderia simplesmente fingir estar prestando atenção enquanto que o ignorava, até que ouvi um "Não tô certo, cara?!" ri por dentro e disse "Sim, claro!"; tomara que ele não tenha dito "Você é um viado de bosta" antes. Ele sorriu com inocência e falou então algo que me assustou: "Você é truta, cara, é isso aí. Ainda bem que eu não tenho nada pra fazer, posso ficar trocando idéia contigo até umas hora..." Nesse momento entrei em desespero e comecei a pensar imediatamente sobre qual seria a desculpa mais crível para dar o fora dali.

Foi quando avistei minha tia, ao longe. Dessas tias gordas que a gente vê comprando alimentos gordurosos de vez em quando, no supermercado... Sim, estávamos no supermercado. Bem na porta, eu só ia comprar uns rolos de papel higiênico que faltavam em casa, esse cara parecia que só ia se consultar com um psicólogo. Acenei rápido para minha tia "TIA!!!" e dei um sorrisão. Ela sorriu de volta e chamou pelo meu nome. Movi as mãos como se enrolasse algo entre os dedos, sinalizando que queria conversar. Disse então pro lixo humano "Aí cara, vou lá com minha tia, tenho que falar com ela e vou aproveitar, já que eu encontrei ela aqui né... Melhor tu nem vir junto cara, 'cê não sabe como essa mulher é chata." Ele deu mais um pouco de risada e falou alto "Aahh firmesa! Qualquer hora nós se tromba aí, falou truta!" "Falou" eu finalizei cumprimentando-o com um aperto de mãos.

Fui até a gorda, que me beijou, abraçou e já foi me levando pelo ombro com ela pra dentro do supermercado "Nossa como você tá lindo ein, como vai sua mãe? E seu pai? Nossa tá calor né, vamos comprar sorvete, vai me contando!" Lamentei minha decisão precipitada e fui andando com ela.

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É isso, LEVEMENTE auto-biográfico.


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Otakus metidos a intelectuais...

Sabem, eu não sou intelectual, não me acho intelectual e, principalmente, não considero "intelectual" um insulto, como muitas pessoas. Acho que intelectuais são pessoas com senso crítico acima da média, que buscam apreciar arte e ciências humanas com maior profundidade que as pessoas "comuns", digamos assim, o fazem. Um intelectual de música, não ouve uma música simplesmente para se emocionar ou porque ela o faz sentir bem, ele a ouve para analisá-la e buscar a individualidade humana expressada na arte ali, buscando compreender o que está dentro e subentendido nela, tanto em seu contexto cultural-social, quanto em seu contexto propriamente musical. Um intelectual, portanto, pode se entendido como uma pessoa que lê bastante, compreende e critica o que lê (no grosso, claro, não é que uma pessoa que não lê muito não possa ser intelectual, ou uma pessoa que lê muito automaticamente se torne um). Resumindo, se trataria de uma pessoa entendida de vários assuntos, especialmente aqueles relacionados a arte e ciências humanas.

Claro, animação e literatura pode indiscutivelmente ser arte. E pode ser criticada por um intelectual. O problema começa quando alguém que não é capaz de fazê-lo, decide se meter a ser intelectual e fazê-lo. "Mas então só intelectuais podem ser críticos?! Que absurdo!" Não, não é isso que eu quero dizer, mas para criticar algo com certa propriedade crítica você tem que ter um certo conhecimento, correto? Conhecimento que os otakus NÃO TÊM. Não adianta, eles realmente não têm o conhecimento para criticar um anime/mangá da forma como costumam fazê-lo. Podem me xingar, otakus, mas a verdade é essa. Graças a isso e ao conhecimento dessa questão que alguns otakus possuem, surge uma aberração da natureza humana social, que é o otaku-intelectual!

Mas o que seria um otaku intelectual? Bem, muitos que lêem este texto devem pensar "Ora, é uma pessoa com a definição de intelectual que gosta de animes e mangás, além de cultura japonesa." O problema, é que você que está lendo se enganou se pensou isso! Porque uma pessoa que gosta de cultura japonesa, animes e mangás, NÃO É um otaku (eu mesmo gosto muito). Porque para ser otaku, o primeiro passo é ser retardado e apreciar algo japonês (ou hoje em dia, também, coreano), apenas por ser japonês, se é que entendem o que eu digo. Como diz um amigo meu, que eu não vou citar o nome, se a última moda no Japão, fosse comer merda, os otakus diriam "Nyaaaaaaaaaaa cocô!!! *--* Que kawaiii esse cocozão!!! *_* Vamos comer muito cocô hoje! XDDDDD E depois beijar muito!! (*3*)"  (E se anglicismos já são feios sendo que somos bombardeados com a cultura estadunidense desde o nascimento, o que dizer de "niponismos" em nossa língua?!). Otakus simplesmente dizem pérolas que atacam ao bom senso, como "Não curto ler livros, só mangá." ou "Anime não é desenho" ou ainda pior "Não curto tal música porque só gosto de música em japonês." (essas aí doem até na alma, mas tem muito mais de onde elas vieram). Mas ocorre a fusão do pseudo-intelectual, com o otaku, é que temos as grandes pérolas. Pois o otaku-intelectual, não é simplesmente um otaku perolador qualquer...

Um otaku intelectual pode ser muito mais perigoso. Porque ele é um otaku que se acha inteligente, bem informado e superior aos outros otakus, quando, na verdade, ele sabe (e pensa) apenas aquilo que está ao alcance de todos os outros otakus, ou seja, nada! Um otaku intelectual, apenas leu resumos de livros (e somente aqueles que foram referenciados em algum mangá/anime) na wikipedia. Um otaku intelectual acredita que música intelectual é música erudita, apenas por ser; e só ouve as obras de música que tocaram na trilha de algum anime. Também se acha intelectual, por conhecer muito da cultura de outro país, mas não a clássica ou tradicional, mas sim a moderna e industrial; e é de um país só: O Japão. Também nunca vê um filme que não tenha sido referenciado em algum anime/mangá; e quando vê algum filme bom que o foi, não o entende além daquilo que o anime/mangá referencia. Acho que já deu pra entender o que é um otaku intelectual, né? E aí é que surgem pérolas, como "Anime tal, inventou tal clichê." (referindo-se a algum clichê que tenha sido inventado séculos antes) ou "As obras de tal banda de jrock, são comparáveis a Bach." OU "Gostaria de viver no Japão, pois é a nação onde as pessoas são mais livres" (nossa essa é pra pular dum prédio) OU AINDA "Os personagens de Naruto são muito bem construídos e originais" (tá, essa eu nunca ouvi, talvez não exista alguém est´pido o suficiente para dizer isso).

Enfim, não vou concluir o post com nada, pois ele foi de cunho humorístico. Mas espero que tenha rendido boas risadas a todos os que não gostam dos otakus intelectuais.

Se você gosta de animes e mangás, mas sabe ler um livro, apreciar um filme e ouvir música não-oriental (classic rock e variações do metal não contam); e se classifica como "otaku", não se ofenda com meu texto, afinal você não é otaku, mas sim uma pessoa normal que gosta de animes e mangás; e não um otaku.

A palavra "otaku", em japonês, é um instulto e significa "pessoa bitolada em alguma coisa" e ser bitolado não é um elogio, caso você não saiba, é ser um babaca, que só pensa em algo, ignorando o resto do mundo. Não é algo bom, ou motivo de orgulho. Os otakus brasileiros, que SABEM do significado dessa palavra, afirmam que ela assumiu um contexto diferente no ocidente e, portanto, que ela se refere apenas a fãs de animes e mangás. MAS O QUE SE VÊ, é outra história, pois o que se vê, é a palavra designando pessoas bitoladas.

Observação: Por mais que eu insulte e denigra os otakus, não significa que eu ache que devam morrer ou algo assim. Sou, inclusive, amigo de muitos.

Observação 2: Também por mais que eu insulte e denigra os otakus, nunca o farei com as palavras "virgem", "forever alone", "friendzone", ou o raio que o parta, pois sei que os otakus e as otakas (porque "otome" eu não vou usar) são muito safados e metelões, assim como o povo japonês.

Arigato e saionara. *desaparece como um ninja*





sábado, 13 de outubro de 2012

Luzes dançarinas


Andava por aquela rua, aquela dos bares, observando vez ou outra as luzes quentes que coexistiam de forma tão pacífica com o ambiente que horas atrás fora caótico, mas onde agora só observavam-se uma meia dúzia de gatos pingados, aqueles que adiariam o momento da volta para casa ao máximo, sempre acompanhados de um ou dois amigos e também de esperanças, iguais às suas, de conseguir encontrar alguma alma gêmea de interesses passageiros. Os reflexos daquelas mesmas luzes nas possas d'água pareciam dançar de vez em quando, como se ouvissem alguma melodia à lá Dexter Gordon, enquanto as mentes daqueles que ainda residiam na rua apenas acompanhavam a melodia de seus interesses, que no fundo sabiam que eram fúteis, mas os perseguiam mesmo assim. E assim seguia em linha reta, sozinho, observando aquele movimento de uma orquestra tão caótica quanto poderia ser, regida por um maestro invisível e talvez inexistente. E assim seguia em linha reta, o cigarro já acabava junto com a noite, que estava finda no momento em que se iniciou, pois ninguém sai à noite sozinho. E riu. Riu para não chorar ou apenas para identificar-se com algo. Riu de sarcasmo, ou qualquer coisa que pudesse tornar menos trágica sua situação. Passando em frente a uma porta espelhada, riu até de sua aparência, lá pros trinta e cinco, alto demais, o casaco bege de andar de moto batido, acompanhado por aquele jeans que usava desde a adolescência e um par de sapados sociais bicudos que não combinavam em nada com resto. Riu também de seu cabelo, que parecia tão vivo pelo gel no começo da noite e agora já era enrolado e desgrenhado de novo. E também riu do fato de conseguir andar, apesar das várias cervejas que já haviam acariciado sua garganta àquelas altas horas.

Tirando os olhos do espelho, viu ao longe, enquanto ali estava parado, uma gordinha. A falta dos óculos apenas lhe permitiu enxergar na moça essa característica negativa, além da baixa estatura. No que ela se aproxiumou teria notado como era feia, mas aproveitou de seu estado etílico para ignorar isso. E ela então acidentalmente, enquanto andava rápido, esbarrou. E pediu desculpas, que ele ignorou como se fossem avisos de mãe, mas para sua surpresa ela continuou, dando explicações e puxando assunto, rindo de leve, demonstrando aquele interesse que as mulheres pensam ser sutil e os homens pensam ser sexo garantido, dizendo aquelas palavras que as mulheres fingem ser importantes e os homens fingem dar atenção. E não demorou.

Não demorou para que estivessem entretidos em suas bocas na parede, sem muita enrolação, mãos procurando aquilo que sabiam que estava lá e logo estavam já em outro lugar, não as mãos, mas aqueles dois. Em algum lugar mais isolado, onde aconteciam introduções familiares a todos e satisfações de interesses que são tão egoístas que acabam por desenvolver um certo altruísmo bizarro. E depois, quando ambos já estavam há muito satisfeitos, os corpos cansados e as mentes indispostas, foi quando ele se deu conta que já amanhecera tempos antes, e que as luzes não dançavam mais as melodias de Dexter Gordon no meio das poças d'água; e também que os bêbados, drogados, mendigos e gatos pingados já todos haviam deixado o local, ou ao menos suas consciências. E que ele também já não estava lá, mas estava em sua casa já, sequer lembrando-se direito da noite que cruzara feito um passageiro anônimo de um trem que não vai a lugar algum. E dormiu em sua cama, onde a gordinha também não estava, afinal não fora ali que fizeram sexo - e não amor - mas sim em algum quarto de algum motel barato. E ele riu de novo, pra não chorar, dessa vez foi aquele último riso perdido em pensamentos antes da chegada de um sono tão adiado que veio como pedra, como o sono da morte mas que não era morte, na prévia de um domingo que já se iniciaria para ele durante a tarde.

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É gente, como percebem, agora que eu voltei o blog mudou um pouco, estarei, além das postagens mais pessoais, postando mais ficção e poemas. É isso aí, não significa que não postarei coisas como as de antes aqui, só que a frequência será menor.