domingo, 9 de dezembro de 2012

Conto: Situações da vida...

"E essa aliança aí? Não to te conhecendo ein..." Ele disse rindo de leve. Parecia criança, fazendo essas perguntas como alguém que se importa, ou como alguém que me conhece. Eu só queria dar o fora, deixar aquele babaca a ver navios o mais depressa possível, mas os códigos de educação que nos são impostos desde a infância me obrigavam a ficar ali ouvindo aquele monte de merda. "Ah, tô namorando faz um tempo já, nada demais." Desconversei, buscava simplesmente uma forma de poder ir logo pra casa ou qualquer lugar, mas ele continuou com um típico "É gostosa?"... "Não tanto quanto a sua mãe" foi a resposta que me veio à cabeça, pior que nem assim ele iria embora, iria querer me bater e daí seria pior porque eu poderia acabar na delegacia após prestar o serviço social de espancar um inútil retardado desses.

Quando terminei a escola acreditei que havia chegado enfim o momento de liberdade onde eu não seria mais forçado a conviver com um bando de gente ignorante. Erro meu, os desgraçados ainda me reconhecem na rua e se aproveitam de minha cordialidade. Sempre me odiei por ser uma dessas pessoas legais que trata todo mundo bem, mesmo sem querer ou gostar de ninguém. Sabe, né, essas pessoas naturalmente sociáveis? Pois é, são tipo eu. "Ei, tá aí truta? Tu entrou numa brisa louca" ele me deu um empurrão no ombro. "NÃO ENCOSTA A MÃO EM MIM, ESCÓRIA." Foco, foco. Eu ri da forma menos amarela possível (o que já foi mais amarelo que o Sol) e disse que apenas estava pensando, ele ignorou e já me interpelou repetindo a pergunta tão imbecil: "É gostosa?" Não, pior que não é gostosa, se é isso que você está pensando. Magricela feito uma porta, acho que a bunda menos carnuda que eu já comi.

Aliás, essa sociabilidade que me odeio por ter acaba compensando quando é pra conseguir uma foda, as meninas acabam achando que eu sou legal e já vão logo abrindo as pernas mediante alguma conversa mole. Ah! Foco! Estava falando da bunda. Bunda de gaveta, dessas que não dá vontade de comer o cu da garota e ainda não tem peito. As coxinhas são pegáveis assim mas nada de especial. Ainda bem que é bonita, senão ia ser uma tábua feia. Mas eu talvez gostasse assim mesmo, sei lá.

"Sim, gostosa." Menti. Ele riu, "Aí sim!" e me deu um tapa nas costas. Desgraça, mas por que esses merdas têm de ser tão invasivos com o espaço individual das pessoas? Será que quando quer comer alguém já chega enfiando o pinto também?! Nesse ponto eu já comecei a ficar nervoso, o que é bem diferente de meu estado "de saco cheio" anterior. Só conseguia ficar criando teorias sobre como eu dispensaria aquele chato o mais rápido possível. E ele começou a divagar... "Eu tava pegando uma mina aí, também, mas daí..." Bla bla bla, enquanto estivesse apenas divagando assim, eu poderia simplesmente fingir estar prestando atenção enquanto que o ignorava, até que ouvi um "Não tô certo, cara?!" ri por dentro e disse "Sim, claro!"; tomara que ele não tenha dito "Você é um viado de bosta" antes. Ele sorriu com inocência e falou então algo que me assustou: "Você é truta, cara, é isso aí. Ainda bem que eu não tenho nada pra fazer, posso ficar trocando idéia contigo até umas hora..." Nesse momento entrei em desespero e comecei a pensar imediatamente sobre qual seria a desculpa mais crível para dar o fora dali.

Foi quando avistei minha tia, ao longe. Dessas tias gordas que a gente vê comprando alimentos gordurosos de vez em quando, no supermercado... Sim, estávamos no supermercado. Bem na porta, eu só ia comprar uns rolos de papel higiênico que faltavam em casa, esse cara parecia que só ia se consultar com um psicólogo. Acenei rápido para minha tia "TIA!!!" e dei um sorrisão. Ela sorriu de volta e chamou pelo meu nome. Movi as mãos como se enrolasse algo entre os dedos, sinalizando que queria conversar. Disse então pro lixo humano "Aí cara, vou lá com minha tia, tenho que falar com ela e vou aproveitar, já que eu encontrei ela aqui né... Melhor tu nem vir junto cara, 'cê não sabe como essa mulher é chata." Ele deu mais um pouco de risada e falou alto "Aahh firmesa! Qualquer hora nós se tromba aí, falou truta!" "Falou" eu finalizei cumprimentando-o com um aperto de mãos.

Fui até a gorda, que me beijou, abraçou e já foi me levando pelo ombro com ela pra dentro do supermercado "Nossa como você tá lindo ein, como vai sua mãe? E seu pai? Nossa tá calor né, vamos comprar sorvete, vai me contando!" Lamentei minha decisão precipitada e fui andando com ela.

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É isso, LEVEMENTE auto-biográfico.


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Otakus metidos a intelectuais...

Sabem, eu não sou intelectual, não me acho intelectual e, principalmente, não considero "intelectual" um insulto, como muitas pessoas. Acho que intelectuais são pessoas com senso crítico acima da média, que buscam apreciar arte e ciências humanas com maior profundidade que as pessoas "comuns", digamos assim, o fazem. Um intelectual de música, não ouve uma música simplesmente para se emocionar ou porque ela o faz sentir bem, ele a ouve para analisá-la e buscar a individualidade humana expressada na arte ali, buscando compreender o que está dentro e subentendido nela, tanto em seu contexto cultural-social, quanto em seu contexto propriamente musical. Um intelectual, portanto, pode se entendido como uma pessoa que lê bastante, compreende e critica o que lê (no grosso, claro, não é que uma pessoa que não lê muito não possa ser intelectual, ou uma pessoa que lê muito automaticamente se torne um). Resumindo, se trataria de uma pessoa entendida de vários assuntos, especialmente aqueles relacionados a arte e ciências humanas.

Claro, animação e literatura pode indiscutivelmente ser arte. E pode ser criticada por um intelectual. O problema começa quando alguém que não é capaz de fazê-lo, decide se meter a ser intelectual e fazê-lo. "Mas então só intelectuais podem ser críticos?! Que absurdo!" Não, não é isso que eu quero dizer, mas para criticar algo com certa propriedade crítica você tem que ter um certo conhecimento, correto? Conhecimento que os otakus NÃO TÊM. Não adianta, eles realmente não têm o conhecimento para criticar um anime/mangá da forma como costumam fazê-lo. Podem me xingar, otakus, mas a verdade é essa. Graças a isso e ao conhecimento dessa questão que alguns otakus possuem, surge uma aberração da natureza humana social, que é o otaku-intelectual!

Mas o que seria um otaku intelectual? Bem, muitos que lêem este texto devem pensar "Ora, é uma pessoa com a definição de intelectual que gosta de animes e mangás, além de cultura japonesa." O problema, é que você que está lendo se enganou se pensou isso! Porque uma pessoa que gosta de cultura japonesa, animes e mangás, NÃO É um otaku (eu mesmo gosto muito). Porque para ser otaku, o primeiro passo é ser retardado e apreciar algo japonês (ou hoje em dia, também, coreano), apenas por ser japonês, se é que entendem o que eu digo. Como diz um amigo meu, que eu não vou citar o nome, se a última moda no Japão, fosse comer merda, os otakus diriam "Nyaaaaaaaaaaa cocô!!! *--* Que kawaiii esse cocozão!!! *_* Vamos comer muito cocô hoje! XDDDDD E depois beijar muito!! (*3*)"  (E se anglicismos já são feios sendo que somos bombardeados com a cultura estadunidense desde o nascimento, o que dizer de "niponismos" em nossa língua?!). Otakus simplesmente dizem pérolas que atacam ao bom senso, como "Não curto ler livros, só mangá." ou "Anime não é desenho" ou ainda pior "Não curto tal música porque só gosto de música em japonês." (essas aí doem até na alma, mas tem muito mais de onde elas vieram). Mas ocorre a fusão do pseudo-intelectual, com o otaku, é que temos as grandes pérolas. Pois o otaku-intelectual, não é simplesmente um otaku perolador qualquer...

Um otaku intelectual pode ser muito mais perigoso. Porque ele é um otaku que se acha inteligente, bem informado e superior aos outros otakus, quando, na verdade, ele sabe (e pensa) apenas aquilo que está ao alcance de todos os outros otakus, ou seja, nada! Um otaku intelectual, apenas leu resumos de livros (e somente aqueles que foram referenciados em algum mangá/anime) na wikipedia. Um otaku intelectual acredita que música intelectual é música erudita, apenas por ser; e só ouve as obras de música que tocaram na trilha de algum anime. Também se acha intelectual, por conhecer muito da cultura de outro país, mas não a clássica ou tradicional, mas sim a moderna e industrial; e é de um país só: O Japão. Também nunca vê um filme que não tenha sido referenciado em algum anime/mangá; e quando vê algum filme bom que o foi, não o entende além daquilo que o anime/mangá referencia. Acho que já deu pra entender o que é um otaku intelectual, né? E aí é que surgem pérolas, como "Anime tal, inventou tal clichê." (referindo-se a algum clichê que tenha sido inventado séculos antes) ou "As obras de tal banda de jrock, são comparáveis a Bach." OU "Gostaria de viver no Japão, pois é a nação onde as pessoas são mais livres" (nossa essa é pra pular dum prédio) OU AINDA "Os personagens de Naruto são muito bem construídos e originais" (tá, essa eu nunca ouvi, talvez não exista alguém est´pido o suficiente para dizer isso).

Enfim, não vou concluir o post com nada, pois ele foi de cunho humorístico. Mas espero que tenha rendido boas risadas a todos os que não gostam dos otakus intelectuais.

Se você gosta de animes e mangás, mas sabe ler um livro, apreciar um filme e ouvir música não-oriental (classic rock e variações do metal não contam); e se classifica como "otaku", não se ofenda com meu texto, afinal você não é otaku, mas sim uma pessoa normal que gosta de animes e mangás; e não um otaku.

A palavra "otaku", em japonês, é um instulto e significa "pessoa bitolada em alguma coisa" e ser bitolado não é um elogio, caso você não saiba, é ser um babaca, que só pensa em algo, ignorando o resto do mundo. Não é algo bom, ou motivo de orgulho. Os otakus brasileiros, que SABEM do significado dessa palavra, afirmam que ela assumiu um contexto diferente no ocidente e, portanto, que ela se refere apenas a fãs de animes e mangás. MAS O QUE SE VÊ, é outra história, pois o que se vê, é a palavra designando pessoas bitoladas.

Observação: Por mais que eu insulte e denigra os otakus, não significa que eu ache que devam morrer ou algo assim. Sou, inclusive, amigo de muitos.

Observação 2: Também por mais que eu insulte e denigra os otakus, nunca o farei com as palavras "virgem", "forever alone", "friendzone", ou o raio que o parta, pois sei que os otakus e as otakas (porque "otome" eu não vou usar) são muito safados e metelões, assim como o povo japonês.

Arigato e saionara. *desaparece como um ninja*





sábado, 13 de outubro de 2012

Luzes dançarinas


Andava por aquela rua, aquela dos bares, observando vez ou outra as luzes quentes que coexistiam de forma tão pacífica com o ambiente que horas atrás fora caótico, mas onde agora só observavam-se uma meia dúzia de gatos pingados, aqueles que adiariam o momento da volta para casa ao máximo, sempre acompanhados de um ou dois amigos e também de esperanças, iguais às suas, de conseguir encontrar alguma alma gêmea de interesses passageiros. Os reflexos daquelas mesmas luzes nas possas d'água pareciam dançar de vez em quando, como se ouvissem alguma melodia à lá Dexter Gordon, enquanto as mentes daqueles que ainda residiam na rua apenas acompanhavam a melodia de seus interesses, que no fundo sabiam que eram fúteis, mas os perseguiam mesmo assim. E assim seguia em linha reta, sozinho, observando aquele movimento de uma orquestra tão caótica quanto poderia ser, regida por um maestro invisível e talvez inexistente. E assim seguia em linha reta, o cigarro já acabava junto com a noite, que estava finda no momento em que se iniciou, pois ninguém sai à noite sozinho. E riu. Riu para não chorar ou apenas para identificar-se com algo. Riu de sarcasmo, ou qualquer coisa que pudesse tornar menos trágica sua situação. Passando em frente a uma porta espelhada, riu até de sua aparência, lá pros trinta e cinco, alto demais, o casaco bege de andar de moto batido, acompanhado por aquele jeans que usava desde a adolescência e um par de sapados sociais bicudos que não combinavam em nada com resto. Riu também de seu cabelo, que parecia tão vivo pelo gel no começo da noite e agora já era enrolado e desgrenhado de novo. E também riu do fato de conseguir andar, apesar das várias cervejas que já haviam acariciado sua garganta àquelas altas horas.

Tirando os olhos do espelho, viu ao longe, enquanto ali estava parado, uma gordinha. A falta dos óculos apenas lhe permitiu enxergar na moça essa característica negativa, além da baixa estatura. No que ela se aproxiumou teria notado como era feia, mas aproveitou de seu estado etílico para ignorar isso. E ela então acidentalmente, enquanto andava rápido, esbarrou. E pediu desculpas, que ele ignorou como se fossem avisos de mãe, mas para sua surpresa ela continuou, dando explicações e puxando assunto, rindo de leve, demonstrando aquele interesse que as mulheres pensam ser sutil e os homens pensam ser sexo garantido, dizendo aquelas palavras que as mulheres fingem ser importantes e os homens fingem dar atenção. E não demorou.

Não demorou para que estivessem entretidos em suas bocas na parede, sem muita enrolação, mãos procurando aquilo que sabiam que estava lá e logo estavam já em outro lugar, não as mãos, mas aqueles dois. Em algum lugar mais isolado, onde aconteciam introduções familiares a todos e satisfações de interesses que são tão egoístas que acabam por desenvolver um certo altruísmo bizarro. E depois, quando ambos já estavam há muito satisfeitos, os corpos cansados e as mentes indispostas, foi quando ele se deu conta que já amanhecera tempos antes, e que as luzes não dançavam mais as melodias de Dexter Gordon no meio das poças d'água; e também que os bêbados, drogados, mendigos e gatos pingados já todos haviam deixado o local, ou ao menos suas consciências. E que ele também já não estava lá, mas estava em sua casa já, sequer lembrando-se direito da noite que cruzara feito um passageiro anônimo de um trem que não vai a lugar algum. E dormiu em sua cama, onde a gordinha também não estava, afinal não fora ali que fizeram sexo - e não amor - mas sim em algum quarto de algum motel barato. E ele riu de novo, pra não chorar, dessa vez foi aquele último riso perdido em pensamentos antes da chegada de um sono tão adiado que veio como pedra, como o sono da morte mas que não era morte, na prévia de um domingo que já se iniciaria para ele durante a tarde.

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É gente, como percebem, agora que eu voltei o blog mudou um pouco, estarei, além das postagens mais pessoais, postando mais ficção e poemas. É isso aí, não significa que não postarei coisas como as de antes aqui, só que a frequência será menor.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Incerteza


Como é cruel
a incerteza.
Incerteza de um futuro
incerto.
Incerteza de se achar
esperto.

Vida que flui,
sozinha.
Companhia nula nessa
incerteza minha.
Intelecto, artístico e proativo:
Sublimações.

Destino não é montável
como "Lego".
Vem de presença furtiva
e em curso cego.
Onde? Quando? Por quê?!
Fazer o quê?!

E da morte, como em filme,
não se escapa.
E divindades também fazem
Silêncio.
Danse Macabre que leva todos
às trevas, incertas.

Olhares, situações e credos árduos.
Desejos escondidos, que
não possuem firmeza, ou
realização duradoura.

E tornam-se assim, fardos!
Mesmo quando irrestritos - vê?!
Incerto eu, que líquido sou...
Moderno fui, outrora.

Como é cruel
a incerteza,
que torna-se dádiva
e maldição,
que gera a fé, o amor,
a ação e a reação;
que é presente na vida,
mãe biológica da sorte e, ainda,
mais presente - sempre!
na morte.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

De volta?

Faz um tempão que eu não posto aqui. Pra falar a verdade eu achei que não ia postar nunca mais. Mas como em todos os aspectos da vida, as decisões que tomamos sobre blogs que ninguém lê também tendem a ser modificadas com o passar do tempo. Eu ia ficar só no vlog, mas sinceramente, ali é uma forma de expressão diferente da que eu tenho aqui e por isso acho melhor ficar por aqui também... Fora isso minha câmera quebrou.

E não pra "reabrir com chave de ouro" mas simplesmente porque eu assim desejo, eu vou escrever as reflexões que me ocorriam no momento em que decidi escrever isso. O negócio é que eu saí do Facebook. Eu poderia dar uma série de razões para o porquê de eu ter saído, mas a maioria delas eu já escrevi na postagem que, por coincidência, vai ficar bem embaixo dessas (apesar do intervalo de tempo enorme entre elas). Mas enfim, eu saí. E agora eu estou aqui de madrugada e não tem ninguém. Eu estou acordado, no computador, à toa, sem querer dormir. E por quê eu não quero dormir? Talvez, acho, porque eu não quero que chegue amanhã, ou que acabe hoje e eu não tenha feito nada, não tenha me divertido ou "aproveitado" o tempo o bastante. Então eu fico aqui e essas reflexões me atingem no momento em que a realidade bate à porta e eu noto o quanto as coisas parecem diferentes de dois, talvez três anos atrás. Porque naquela época, em qualquer época do ano, sempre havia alguém no MSN pra conversar de madrugada, a noite toda. Sim, pode parecer idiota (e é), mas isso fazia a diferença, porque hoje eu abro essa janelinha e não vejo mais aquelas pessoas; e não há pessoas novas para substituí-las, há no máximo pessoas cujo contato não tenho a tanto tempo que as novidades deixam de ser novidades para perder o seu ponto discutível, ou simplesmente pessoas com quem uma conversa não fluiria porque não se tem muito o que falar. E essas são pessoas que eu gosto, imagine aquelas que eu não gosto...

Parece que antigamente, mesmo que digital, desejava-se mais um contato profundo, ter uma conversa, uma relação. Hoje, mesmo que as pessoas não percebam, parece que não há mais isso. Parece que só interessa-se por fatias de tempo tão irrisórias que não são mais lembradas no momento em que se tornam passado. Ou algo assim. Eu estou escrevendo enquanto reflito, então pode ser que as coisas que passam por minha cabeça só façam sentido nela. Não vou revisar isso aqui. Eu apenas sinto falta de ter um contato tão profundo e duradouro, que hoje se perdeu em meio à maré de drogas ideológicas digitais e momentâneas. De vez em quando encontramos aquelas pessoas e aí esse contato acontece, mas com que frequência?! Por que não é mais todos os dias, porque não dá mais pra falar sério com ninguém, ter uma conversa de verdade...

Eu sinto como se o tempo agora passasse mais rápido porque agora é apenas uma ilusão de satisfações que não satisfazem de verdade. Eu não treino artes marciais ou faço sexo porque é divertido, ou pra passar o tempo. Eu os faço porque eu careço de um contato verdadeiramente profundo, humano e duradouro, que hoje se tornou apenas um clichê para admirarmos em algumas dessas diversões momentâneas.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Rede... "Social"?

(Tema sugerido pelo meu mano Daniel.)

Esse post tá atrasado, mas agora com as aulas tenho menos tempo que antes, portanto acho que é compreensível né?

O que quero falar hoje, é sobre como as pessoas usam as redes sociais como um escapismo para a realidade. Mas antes, quero falar umas outras coisas. A primeira, é sobre um diálogo que tive ontem com meu primo, que veio a calhar. Mencionei um livro intitulado "Why people play video-games" e então falei sobre ter uma outra vida e compensação pela realidade fútil e ridícula em que perdemos nossa individualidade e somos alienados a cada passo e respiração. Então ele fez uma cara de "É... Compensação, mesmo né =/" e disse "Why people watch movies, why people go to night clubs, why people do drugs..." e fui obrigado a concordar. No entanto, tenho que dizer que acredito que, apesar de ser escapismo e compensação pela realidade a causa da difusão das redes sociais, não acredito que elas se enquadrem nessa mesma categoria. Pelo simples motivo que são uma pseudo-realidade, porém ligada à vida social real.

Acontece que são um misto de ambas as realidades, pois podemos nunca conhecer 90% daqueles chamados "amigos". Claro que podemos fazer grandes amizades, etc, no entanto é fundamental ressaltar o tom de escapismo que as redes sociais oferecem. Pois a realidade social só será conectada a elas se o usuário assim quiser, tendo em vista que pode ser alguém completamente diferente de seu eu real ali. A realidade não compensa para a maioria das pessoas, no entanto acho que o âmbito das redes sociais é justamente o fato de que fazem o usuário acreditar na realidade que supostamente representam.

Lembro que antes de o Felipe Neto virar estrelinha (mas quando já caminhava nessa direção), ele fez um video muito criticado pelo simples fato de não ter graça, mas que eu achei genial. Nele, ele interpretava o que para ele é a visão do futuro de nossa geração, uma pessoa completamente alienada por esse escapismo falsamente real, falsamente social. O que se pode enxergar nesses acúmulos de números e fúteis interações, não é uma maior interação social entre as pessoas, mas a diminuição da mesma! As chamadas redes sociais, tornam-se sua própria antítese, redes anti-sociais! E aí sim, tornam-se uma fuga total da realidade que as compõe.

Outra questão que vale abordar, é a da Identidade. Digamos, por exemplo que Novinha é destruída socialmente, torna-se um objeto pelo próprio meio social que frequenta (se é que me entendem), ainda por cima alienada pelos estudos e pelo trabalho que só lhe compensam pelo ganho que vai gastar aos finais de semana, estes por sua vez que apenas a tornam mais ainda um objeto. Novinha então busca numa rede social o escapismo que precisava para construir sua própria (ilusão de) identidade. Lá, Novinha se torna alguém, com seus caracolhecentos amigos, alguém importante, conhecida, com sua própria página, seu próprio visual. Lá Novinha existe socialmente. E vocês acham que Novinha vai preferir a realidade social em que não existe, é ninguém, ou a irrealidade social em que acredita existir e ter a própria Identidade?

Escapismo sequer é a palavra certa para descrever o fenômeno das redes sociais, pois não é apenas de uma válvula de escape que falamos, mas sim de uma compensação, uma quase que total substituição da realidade, que encontra-se dentro dela própria. Não bastasse isso, ainda é como o álcool ou o cigarro, um escapismo socialmente aceitável. Ninguém se importa com os fatores que citei acima (por mais óbvios que sejam), pois todo mundo tem, é algo comum e tudo aquilo que é comum nunca tem problema, é sempre aceitável.

Por fim, ainda tenho obrigação de tratar de uma questão importante, a parte das redes sociais que lembra a  chamada gamefication. Pra quem não sabe, é a adição de aspectos oriundos de jogos eletrônicos, onde eles não existem (e por muitas vezes não deveriam, mesmo, existir). Um exemplo de gamefication da realidade seria ganharmos pontos por cozinhar ou escovar os dentes, por exemplo. Pretendo fazer um post somente sobre esse assunto no futuro, mas vou usar como referência para outra expressão: a netfication. Durante todo esse post eu mencionei como as redes sociais são ligadas à realidade pela qual tentam compensar, mas o problema é quando elas (sendo uma pseudo-realidade) sucedem nisso. As interações sociais, então, que antes aconteceriam de forma natural e pessoal, acabam por ocorrer com o auxílio de uma ferramenta tão destrutiva. Um exemplo seria a menção ao fato de que, ao mandar uma certa interação (digamos, um "Curtir" no facebook, um "Reply" no twitter ou qualquer coisa assim), ficam implícitos valores de uma interação. Quando, claro, as interações sociais são impossíveis, dadas a distância ou qualquer coisa assim, as redes sociais se tornam ferramentas sociais, sim. No entanto, quando as interações reais são possíveis, por exemplo, quando Novinha poderia dar uma indireta para Cachorro durante o rolê de sábado,  Novinha prefere colocar essa indireta digitalmente, pois está mais acostumada com a interação social de uma representação falsa de realidade, do que com aquela real. Isso que eu chamo de netfication, não era necessário o aspecto da rede social na situação, mas mesmo assim ele aparece apenas para torná-la mais interessante mediante o simples fato de não ser a própria vida, e sim um medium digital para as interações desta. Um comportamento ilógico dentre tantos, não?

Vou parar por aqui, espero que tenha sido uma leitura decente. Desculpem pela demora e pela falta de imagens, mas foi meio corrida essa semana. Fiquem com essa música que acho legal pra cacete.






domingo, 5 de fevereiro de 2012

Desabafo: Meu repúdio à sexualidade social

O que me motivou a escrever isso aqui, foi um certo comentário no Youtube. Era um vídeo de uma vlogger lésbica e o ser humano (?!) em questão comentou algo como "As mulheres gostarem de homem é uma mentira. 100% das mulheres são lésbicas, elas apenas não tinham voz pra se expressar!" e bla bla bla. Cliquei no responder, mas decidi não fazê-lo pelo simples fato de que UM SER TÃO MEDÍOCRE não merece resposta. Todo mundo sabe o quão contra o preconceito por orientação sexual eu sou. Todo mundo sabe. No entanto é esse tipo de LIXO que não merece nem ser chamada de pessoa, que estimula que o preconceito cresça cada vez mais, quando o certo seria este diminuir. Meu problema vai muito além de um simples comentário no Youtube e eu não vou entrar nos méritos científicos e filosóficos de "porque ela está errada", pra não insultar a inteligência de quem lê! Meu problema vai na socialização da orientação sexual, o que eu chamo de sexualidade social. Vai na adoção de um grupo de comportamentos que têm por finalidade expressar, colocar pra fora toda a frustração sexual de um ser social.

Todos nós temos sexualidade social, afinal todos nós expressamos nossa sexualidade socialmente, principalmente tendo em vista que as próprias convenções sociais não passam de um arranjo ideológico para a realização de nossos instintos dentro da sociedade (ao meu ver). No entanto, o problema é quando esses instintos são tão à flor da pele, que a sexualidade passa a ser a característica chave do indivíduo em questão! No caso do homossexual, como eu já disse há muito tempo aqui no blog, é natural que isso aconteça, tendo em vista a repressão que sofreu e sofre, afinal tudo aquilo que é reprimido um dia volta, ainda que de outra forma. No entanto, a expressão exacerbada dessa sexualidade, como comentei aqui, reduz o ser humano presente naquele cidadão a um status de animal! Meu conselho a um gay: Expresse sua sexualidade, mas destaque-se pelo seu intelecto, carisma, pela sua cultura, qualquer coisa, menos por isso. Meu conselho a um hétero: idem. O mundo hétero masculino, carregado de seus preconceitos e comportamentos caninos, é nojento, no entanto o mundo gay se diferencia deste apenas em suas características cosméticas, mas não adota um comportamento menos canino. Eu diria há alguns dias que o mundo hétero feminino é igualmente terrível e que o único que teria alguma salvação seria o mundo lésbico, mas me decepcionei com um comentário como esse (que inclusive, era O MAIS POSITIVADO).

O problema é que a hipocrisia atinge níveis absurdos quando se trata da repressão da homossexualidade. Todos acham um absurdo se um homem hétero tenta conquistar uma mulher lésbica, mostrando total desrespeito por sua orientação sexual, no entanto quando um homossexual tenta conquistar um hétero, parece uma história incrível e poética? Como assim?! Se um homem hétero afirmar que "Todo homem tem que gostar de mulher, é o certo e todos gostam, os gays são uma mentira criada pela sociedade." ele vai ser execrado, mas um comportamento como esse é aplaudido?! A repressão justifica algumas coisas, outras não.

A partir do momento que um talentosíssimo violinista gay solta a franga, veste uma roupa rosa coladinha e grita "AIIII SOU BIXA" pro mundo, todos vão (com razão) ignorar o fato de que ele é um excelente violinista e de "o violinista" para os outros, passará a ser "o viado que toca violino", ainda que seu comportamento seja aplaudido pela comunidade gay, que ainda vai se orgulhar dele. Se um violinista hétero aparece rodeado de vadias, batendo na bunda delas, e dizendo "SOU O MACHÃO", será igualmente aplaudido pela comunidade hétero e passará de "o violinista" para "o violinista putanheiro pegador". O que quero dizer é que a expressão da sexualidade por cima de outros valores, que adquirir uma identidade social baseada em sua maior parte por sua sexualidade, é igualmente ruim, sendo gay ou hétero.

Outro conselho para que o mundo gay possa conviver em paz com o mundo hétero: Dissolvam esses mundos e criem um só. É a presença deles, a presença de fatores de isolação social da sexualidade que gera o estranhamento de uns com os outros.

Não criei esse post direcionado a gays nem héteros, isso é apenas um desabafo, tendo em vista o absurdo que li há alguns dias, somado a outras reflexões do cotidiano.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Como todos somos estuprados desde a infância

Eu pensei em não digitar esse post. Seriamente. Primeiro porque é uma crítica rasa, sem pesquisa e um tanto óbvia, também. No entanto, pensando no pessoal que lê, sei que muita gente vai gostar dele e que muita gente não ouviu essa crítica tão básica. Portanto, farei as honras e serei o primeiro (tomara que de muitos) a dizer isso a alguns de vocês. Trata-se de uma crítica ao sistema educacional brasileiro (e de grande parte do mundo) e suas fundamentações básicas.

Pra começar, vamos a uma pergunta básica que fundamenta todo o resto: Por que você vai/foi à escola? De certo, são várias as respostas... Mas a maioria, claro, será no grosso um "para ser alguém na vida". Seja para conseguir um emprego que necessita do fundamental ou do médio completo, ou para poder entrar em uma Universidade, é pra isso que todos nós vamos à escola. É para isso que todos nós sofremos o estupro educacional.



"Estupro educacional? Como assim?!" Bem, essa é uma expressão que já ouvi dois grandes professores meus usarem. Pois explico: Estupro educacional, é como um estupro sexual, mesmo: X quer, Y não, mas Y é forçado a fazer mesmo assim.

A escola, como a conhecemos hoje, tem sua principal falha (na minha opinião, excluindo questões políticas) no fato de que é um sistema desenvolvido para ensinar pessoas a terem resistência a atividades repetitivas diárias (preparação para o trabalho massante) e sucesso baseado num sistema de testes. A escola e o método de estupro estudo "criam" o aluno, por assim dizer, para ser um robô, capaz de passar em testes, um cão que executa saltos e truques esperando um biscoito.

Acredito que muitos já devem ter questionado porque estavam a aprender certa matéria e o educador que a ensinava respondeu veemente que "Cai no vestibular." Ora, nada podemos fazer, se "cai no vestibular", senão aprender se quisermos entrar numa universidade, certo? No entanto, mesmo caindo no vestibular, não muda o fato de que, dependendo do curso que pretendemos fazer (ou se não pretendemos fazer nenhum), o conhecimento adquirido ali continuará inútil. A escola não cria o aluno como uma preparação para o ensino superior* ou lhe dá estudo, educação, mas sim ensina-o a passar em testes programados. Todo o sistema, desde a nossa primeira série, até o ensino superior (que triunfa ainda em alguns outros aspectos), baseia-se no simples sucesso em testes e/ou atividades mecânicas.


Na lousa: "Não vou instigar revolução"

Ora, devo confessar que, vendo as coisas por esse lado, sinceramente dou mais valor a um aluno que burla o sistema e faz apenas o suficiente para passar de ano, do que àquele aluno considerado exemplar, que tem as melhores notas. Claro que nossa sociedade aplaude mais ao segundo e execra (até pune!) o primeiro, no entanto é importante lembrar que falo da mesma sociedade que aplaude mais àquele que trabalha feito um desgraçado a vida toda (sempre defendendo os interesses de outros e nunca os próprios), para ter sucesso financeiro e ascensão social. Mesma sociedade que aplaude aquele que trabalha duro a semana toda, para ter sucesso financeiro e poder descontar todas suas frustrações no simples ato de comprar e provar que valeu a pena todo o esforço. É a mesma medíocre e alienada sociedade que aplaude o cidadão alienado, quem aplaude o aluno que nada mais é que um protótipo do próprio cidadão, um robô mirim. 


Primeiro, desde a infância, somos estuprados cada vez mais, durante anos, apenas para que nos preparemos para o grande estupro da alienação pelo trabalho. Perdoem-me o exemplo tão chulo, mas da forma como eu vejo as coisas, o sistema educacional, a escola antes do trabalho, é como se desde a infância fôssemos FODIDOS NO CU por um consolo cada vez maior, para enfim encararmos o Shane Diesel sem reclamar, pelo resto de nossas vidas. O ensino técnico que o diga, é como se fosse o primeiro cacete humano que se encontra entre o último consolo de látex e o Shane. Frustrados pelo abuso repetido e constante, pela inércia e pela insatisfação de seus anseios pessoais, satisfeitos apenas na compra de mercadoria, estes chamados cidadãos desejam as mesmas frustrações no outro, e se orgulham quanto mais estuprados estes são.

E sabem o que é o pior de tudo? É que o ciclo vicioso se repete, com os pais descontando tais frustrações nos filhos, desejando que os filhos sofram o mesmo estupro que eles, ou que possa compensar o estupro (que para eles não foi compensado) com seu belo Biscoito Scooby.

Acho que se continuasse minha crítica, começaria a ser redundante e não o desejo. Quero pedir desculpas pelo atraso de um dia da postagem, mas não consegui escrever na quarta-feira e me faltou a inspiração para fazê-lo anteriormente. Uma boa vida, com o mínimo possível de estupros, a todos. Fiquem com uma música MUITO foda.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A relação entre alienação pelo consumo, rebeldia adolescente e precocidade

Esse post está algumas horas atrasado e eu tô com os olhos ardendo morrendo de sono... MAS VAMO LÁ.

A questão que gostaria de levantar hoje, é sobre como o domínio (autoridade) dos pais sobre seus filhos diminuiu, de décadas atrás para cá. Bora?


Todos que estão lendo, com certeza já ouviram histórias de seus pais, sobre como seus avós lhes davam menos liberdade e tinham mais autoridade, respeito ou coisa parecida. É fato que hoje os adolescentes são muito mais rebeldes (em relação aos pais) do que os dos anos 50, e também os pais lhes dão muito mais liberdade. Mas por que isso ocorre?

A hipótese que gostaria de levantar, é, como se espera do título, que o consumo estabelece intrínseca relação proporcional à auto-pseudo-independência, também conhecida como rebeldia.

Não me recordo como a ideia me ocorreu, mas quando notei a relação, logo pensei "Ufa! Tenho meu post pra hoje!" Pois bem, vamos por partes, pelos fatos:

1 - A adolescência socialmente (e até biologicamente) ocorre cada vez mais cedo nas sociedades.
2 - Quanto mais consumo do produto industrial, mais alienação.
3 - A propaganda deve buscar atingir os instintos mais primitivos do ser.
4 - Os consumidores do produto industrial são cada vez mais jovens.

O que ao meu ver acontece, é que os produtos precisam cada vez mais atingir a vontade de compra das crianças. Enquanto nos anos 50/60 todo o produto que seria consumido por uma criança seria comprado pelos pais, cada vez mais a criança escolhe suas roupas, seus brinquedos... Escolhe do que quer comer até a escova de dentes que usará após a refeição. Quando um anúncio de roupas infantis ou brinquedos é transmitido na TV, ele busca atingir a criança para que o deseje (ainda que o dinheiro para compra venha dos pais) e não seus responsáveis para que o comprem. E esses produtos vão buscar atingir os instintos mais primitivos da criança para despertar esse desejo, é claro. E qual nosso instinto mais primitivo e latente, presente desde muito cedo (ainda que não tão biologicamente ativo)? O de reprodução (sexual) é claro.

Sendo assim, vemos brinquedos que buscam atender os fetiches (ainda incompreendidos) da criança. Vemos roupas que buscam atribuir ao ser, ainda na infância, um valor estético. E todos sabemos para que servem valores estéticos, não sabemos? Quando a criança passa a consumir como adulto (e a atividade de consumo é quase que a total representação da vida adulta hoje), vai passando a se sentir cada vez mais adulto (e ilusoriamente independente), à medida que consome mais e mais, afinal, desconta (como todos) suas frustrações (pela não-realização de seus instintos) em bens de consumo.

O adolescente é naturalmente rebelde, isso não vem de sua condição social, mas sim dos instintos sexuais latentes (e constantemente reprimidos pela sociedade) graças a sua condição hormonal. A questão é que, se ele for mais precoce, será rebelde mais cedo, naturalmente. Não bastasse, cada vez mais (e isso já tratei em outros posts) valores morais e tradicionalistas (pelos quais não tenho qualquer simpatia) são cada vez mais subjugados pela força do capital e de sua lógica (de fins ilógicos) de consumo. Dá-se menos valor hoje em dia a morais e tradições, graças ao fato que se dá MAIS valor hoje em dia à relação trabalho-consumo-trabalho-consumo-trabalho... E quanto mais cedo se consome, mais cedo se é gente, mais cedo se é um membro pseudo-consciente (pseudo por ser alienado) da sociedade, ainda que com toda sua inconsequência infantil/adolescente.

É claro que este muito provavelmente não é o único fator que contribui para a rebeldia cada vez maior. Poderia argumentar que, por exemplo, isso se dá pelos pais desejando a própria realização pessoal nos filhos, não os impondo, tanto consciente quanto inconscientemente, as mesmas barreiras às quais ficaram à mercê durante sua infância e puberdade. Além dessa, muitas outras causas são possíveis, mas não consigo deixar de enxergar a relação entre precocidade e consumo, ainda que não seja o último o único responsável por ela.

Desculpem se ficou mal escrito, ou se não falei nada com nada, mas minha cabeça dói e meus olhos ardem. Espero que tenham gostado.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

(Conto) A Maldição das Borboletas


Acho que muita gente já deve ter lido esse meu conto, seja eu mandando o arquivo, seja no orkut... Mas enfim, quem não leu tá aí. Boa leitura!

Era uma vez, há muito tempo atrás, uma terra de segredos e magia; e de seres gerados por tais segredos, seres infusos em tal magia. Nossa estória, caro leitor, ocorreu em uma mágica e linda floresta, situada nos confins deste mundo mágico e antigo, longe da malícia e ambição de qualquer ser intitulado “humano”. Pois enquanto as estórias nos quais estes envolvem-se sempre terminam em violência, luxúria e traição, nossa estória ocorreu e terminou pelos mais profundos instintos e pela mais límpida inocência.

Mas antes que você, caro leitor, abandone este mundo mágico que lhe espera e procure algo que melhor satisfaça seu interesse, trago de uma vez a pequena aventura do fado.

Pela floresta mágica, onde a tão dita magia fluía tão abundante que podia ser vista brilhando no ar sem precisar de razão para isso, vagava um fado - e por fado me refiro como deve imaginar, ao masculino de fada. Vagava alegremente, nu, em suas pequenas dimensões corporais, porém com um corpo de trazer suspiros às fadinhas de sua árvore - e até a alguns fados, dos mais ousados, também!

Mas não pelas fadas, tampouco pelos fados, batia o coração do jovem ser místico. Não, o dono de seus pensamentos, quando coletava o pólen das flores, era na verdade um par de asas! Oh, nesse ponto é importante ressaltar que além do rosto e do corpo, as asas eram um atributo da estética levado em demasia a sério pela sociedade dos pequenos seres mágicos.

Nunca vira o rosto, ou o corpo do par de asas que, de vez em quando, ao longe, capturava a atenção dos quase microscópicos olhinhos do coletor de pólen mágico. Mas era o suficiente para que o amor – e sim, falo daquele à primeira vista – fluísse do coraçãozinho alado. Oh, que asas lindas seriam aquelas que em flores tão longes, de um jardim da floresta que nunca ousara aproximar-se, colhiam também a essência das flores? Mas não importava a quem pertencessem, fosse fado ou fada, nosso protagonista às desejava com fervor.

E num dia em que, como todos os outros da floresta mágica, o Sol brilhava radiante no céu, banhando as plantas com sua flamejante sabedoria, o fado decidiu-se: voaria até o jardim ao longe e confessaria seus sentimentos para quem quer que fosse o dono daquele lindo e maravilhoso par de asas. E voou.

Mas ó, caro leitor, devo adverti-lo que, quando alcançou seu destino, o humanóide alado teve uma surpresa e que, nossa estória agora há de tomar um rumo trágico.

Quando o fado viu a quem pertencia o par de asas, pela primeira vez em séculos, sentimentos escuros tomaram o coração de um habitante da floresta mágica e, também pela primeira vez em séculos, o Sol deixou de brilhar no céu e nuvens negras e tempestuosas tomaram o antes azul brilhante que reinava acima dos seres mágicos que lá habitavam. Oh, sim, pois, diferente do que nosso protagonista esperava, quem possuía o par de asas não era uma linda e graciosa fada, tampouco um belo e viril fado. Oh, não, caro leitor, quem, ou melhor, o quê possuía as mais lindas asas que o fado já vira na vida, era, sem mais delongas, uma mariposa.


E como num passe de mágica, todos os sentimentos lindos e azuis que antes tomavam conta de nosso protagonista em relação à mariposa, tornaram-se cruéis e vermelhos e impulsionado por seu ódio e pela tensão que alimentou, durante tanto tempo, forçou a inocente e desprevenida mariposa contra a flor que esta colhia e, num ato obscuro que nenhum outro fado, seres de maravilhosa bondade e inocência, jamais realizara, violentou o inseto.

E como quem não fizera nada digno de atenção, foi-se embora e o sol raiou novamente por cima da chuva, formando um grande e belíssimo arco-íris.

Mas nossa estória não termina por aqui, caro leitor. Pois, alguns dias depois do ato odioso de nosso protagonista, a mariposa colocou seus ovos, como faria. Mas da união antinatural que o fado forçara sobre ela, nasceram as primeiras larvas que, mais tarde, em seus casulos, criariam lindos pares de asas como os de sua mãe e seriam, de toda a criação, as primeiras borboletas.

Fim.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Crítica ao comportamento irracional masculino

Antes de começar o texto, devo advertir que essa postagem é um desabafo amontoado de clichês. Um amontoado de clichês morais e estéticos que me ocorreu graças à observação do comportamento de algumas pessoas, tanto ao longo dos anos, quanto mais recentemente.

Primeiramente, gostaria de expor um ponto de vista do qual já falei por aqui: Mulheres não pensam como homens. Não importa quanta igualdade sexual (que por si só é uma piada) haja, a forma como a mulher pensa é fatalmente diferente, graças a vários fatores, tanto sociais quanto biológicos, quanto psicológicos. Até aí, é apenas a forma como as coisas são (em parte) naturalmente e não dá para dizer que há algo de errado nisso. No entanto, é muitíssimo importante lembrar que diferente não significa, em hipótese alguma, superior... Ou não. Na verdade, o que observo é que os pensamentos de ambos os sexos, especialmente em relação um ao outro, são igualmente e fatalmente MEDÍOCRES. Mas por meio deste desejo focar apenas na mediocridade do pensamento masculino. Criticar o pensamento e comportamento feminino, além de ainda mais clichê que este, necessitaria de novas observações.

Vamos deixar claro que, ao mencionar e criticar o pensamento masculino, não significa de forma alguma que eu não tome parte de pelo menos alguns dos mesmos hábitos e comportamentos que este compõe.


Algumas pessoas, homens e mulheres, não têm noção de o quanto a tirinha acima expressa a realidade. É fato comprovado que homens possuem um ranking de beleza entre as mulheres e calculam friamente aquelas que são possíveis candidatas sexuais (Ainda que em fantasia. Vulgarmente, as "comíveis") e as que não são (algo que com certeza muitas mulheres fazem também). E até aí, eu tenho certeza que não há mal nenhum nisso, é apenas uma expressão do nosso mais simples eros, expressa de maneira seletiva, graças a sublimação do instinto sexual. De certa forma, a seletividade é até que algo bom, apesar de sujeita aos padrões de beleza ditados pelo capital (talvez um dia eu escreva uma postagem relacionada à ditadura estética do capital). O problema é quando essa seletividade, o tal ranking da beleza, ultrapassa outros valores de significante maior profundidade.

A busca pelo prazer é inerente a todos nós e quem me conhece sabe que jamais criticaria a poligamia (desde que igualitária aos gêneros), o poliamorismo, o relacionamento aberto, etc. Todavia, é fato que se você procura um relacionamento saudável, ele não pode ser baseado em manipular o parceiro, ou, no caso, a parceira "titular", para que ela não descubra sua constante quebra dos votos que a ela confiou. O problema-raíz, é que a própria escolha da parceira é quase que totalmente refém ao ranking da beleza. Escolher o compartilhamento de uma vida, ou parte dela, em razão de valores estéticos parece absurdo, mas é o comportamento mais comum do atual tempo. Se a escolha de uma titular foi apenas em razão de um padrão estético, de nada importam votos éticos e morais que a esta forem feitos, se o padrão estético de "uma outra qualquer" a superar (ou mesmo em alguns casos, apenas chegar perto dela). E tudo isso para, no final, obter-se mais prazer, uma maior satisfação do eros anteriormente mencionado. Mas por que isso acontece?

A maioria dos homens, como expresso nos parágrafos anteriores, enxerga a grande maioria das mulheres que não conhece, como meros objetos canditatos a relações sexuais. Acontece que as que conhece também. Isso é até um comportamento natural, no entanto, o que quero criticar é justamente o fato de que se supera qualquer limite intelectual por uma cega e momentânea realização de prazer. A impressão que eu tenho é que o comportamento inerente à maioria dos homens, reféns de uma estética que governa toda e qualquer relação com o sexo oposto, é o de animais, irracionais, CÃES que buscam acima de tudo a cadela com o melhor cheiro para cegamente satisfazer o próprio instinto sexual. Minha crítica não é apenas à postura ética (enganar, iludir, manipular), mas à postura prática e, principalmente, à postura intelectual! Viver uma vida baseando-se apenas na cega satisfação do instinto mais primitivo, quando se trata do convívio social com o sexo oposto. Não importa a relação intelectual e afetiva que se tenha com a fêmea, importa apenas a estética! E pior, quando importam tais relações (sem deixar de lado a estética) e quando há um pensamento que dá importância a uma ética (não enganar, não iludir, não manipular), todo o resto, por vezes pode ser quebrado apenas pelo padrão estético em questão.

Enxergar um pedaço de carne, um valor estético e não humano, reificar toda uma parte da sua vida, em nome de um instinto primitivo. Esse é o problema. O problema não é buscar o prazer, o problema é fazer isso cegamente, principalmente no que diz respeito ao âmbito intelectual! É sacrificar uma parte da sua vida em nome da realização de um instinto que poderia ser saciado seguindo algum valor ético e intelectual. É esse sacrifício intelectual que eu chamo de comportamento canino. É um comportamento, em qualquer âmbito, irracional, a quase que total colocação do instinto (este em forma quase primária) à frente da razão.

Obrigado por lerem e fiquem com Gackt, faz tempo que não deixo algo dele aqui, mas coincidiu de estar tocando uma música dele no momento em que terminei o texto.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Filosofando a níveis viajados


Ia dar um nome mais convicto e sério para essa postagem, mas acredito que ela vai a níveis tão drogados e que sua filosofia é tão "de boteco", que não seria adequado. A verdade é que eu sequer sei direito sobre o que vou falar, mas vou digitar ouvindo o 1º concerto para piano em Mi menor de Chopin, então algo esdrúxulo não poderá sair, né? '-'

A questão que gostaria de abordar, é sobre a razão do Universo e apresentar alguns temas de discussão que filosofei. Não sou agnóstico, como disse tenho algum grau de crença em algumas coisas sobrenaturais e suas manifestações em plano físico. Também, por meio desta, quero falar um pouco sobre mim, pois não costumo fazê-lo muito por aqui.

Eu sempre quis morrer, desde criança. Não por mórbida depressão (salvo em algumas ocasiões), mas por um insaciável desejo de encontrar-me, face a face, com o sobrenatural; por uma vontade latente de saber qual das religiões estaria certa, seja qual fosse. Onde eu morava, havia uma mureta que ficava grudada à parede de uma casa. A casa, por sua vez, ficava ao lado de uma escada e se extendia até o fim desta. A casa era plana e a escada, obviamente, íngreme. Sendo assim, a casa era sustentada por um grande pilar no pé da escada. Eu, criança, me divertia diariamente em andar por aquela mureta (especialmente depois de jogar Prince of Persia hehe). Uma queda dali seria fatal. E por incontáveis vezes, senti-me tentado a saltar dali para o infinito. Não o fiz. Juro que não por falta de coragem, mas sim por medo de abandonar minha mamãe querida. Por medo das lágrimas que haveriam de rolar por sua face, caso eu o fizesse.

Essa vontade de cometer suicídio em nome do conhecimento daquilo que está normalmente fora dos limites científicos, perdura até hoje, mas não cogito a hipótese, pois sei que meu dia chegará. Tomara que demore, mas enfim, vamos ao que interessa.

Muitas pessoas acreditam que "agnóstico", significa estar em cima do muro, não acreditar nem deixar de acreditar, um meio termo entre o teísmo e o ateísmo. Eu mesmo utilizei o termo dessa forma durante muito tempo, mas ESTÁ ERRADO. Agnosticismo varia em vários graus, mas o principal fundamento dessa corrente de pensamento, é a crença de que, se o sobrenatural existe, está totalmente fora dos limites da razão. É eu acreditar que até eu ter meu encontro fatídico com o sobrenatural, eu não vou conhecê-lo por meio de religiões ou fenômenos.

Foi pensando sobre o agnosticismo (novamente lembrando que não sou agnóstico) que [pausa para tocar air violin] levantei a seguinte hipótese: E se o nosso raciocínio não for suficiente. Devo confessar que o meu pensamente assemelha-se um tanto ao do espiritismo Kardecista, mas há latentes diferenças, que não mencionarei. A idéia da hipótese é que, o ser humano ainda é um ser inutilmente racional. Que o raciocínio e o "poder" da mente humana ainda são fracos demais para conseguir uma compreensão do Universo. Baseando-se na teoria da evolução, basta observarmos a idade do Universo comparada à idade da raça humana e notar-se-há como ainda é jovem nossa espécie, em relação ao meio em que habita. [air piano agora] Sendo assim, o que nos garante que a evolução impulsionou nosso raciocínio ao limite? Nada! Se o raciocínio humano, isto é, a presença de pensamento e individualidade através da linguagem, surgiu a partir da evolução, é óbvio que este ainda não chegou ao seu limite, pois o homo-sapiens ainda é jovem a uma escala universal, mesmo a uma escala terrestre. Portanto, a questão com a qual comecei essa postagem em mente, foi a de que talvez nosso raciocínio, a tão mencionada razão humana, não seja suficiente para a compreensão do Universo.

Claro que é um pensamento clichê e batido, mas vale lembrar que se tem uma coisa que acredito, é na existência de vida inteligente fora do planeta Terra. E se essa vida inteligente está lá, talvez ela possua uma compreensão das coisas acima da que a nossa jamais possa chegar. Mesmo o conceito de vida, é tão vago que é impossível definir com total certeza o que é vida. Talvez a vida que exista lá fora seja tão diferente da nossa, que sequer a notamos quando a encontramos.
Isso tudo me leva a outra questão que pensei: E se o Universo for "Deus"? Espero que você, que está lendo, esteja familiarizado com o pensamento de Santo Agostinho sobre a causa-primordial. Se não estiver, useaporradogoogle.com.br porque não tô afim de resumir não.

O que pensei foi: "E se o Universo for a própria causa primordial?" Se o Universo se auto-cria e, dele, surge um pensamento racional primordial (lembrando que Deus, se existir, NÃO é perfeito, ao meu ver das coisas), então ele pode sim ser chamado de "Deus", não? Claro que não podemos compreender como o Universo poderia se auto-criar, ou o que haveria de existir anterior a ele (nada, visto ele ser a própria causa), mas não deixa de ser uma hipótese, um debate interessante a ser tomado, não?

Gostaria de lembrar a todos que lêem meu blog, que o meu objetivo aqui não é ditar idéias, mas sim provocar a reflexão. Não quero que tomem como verdade absoluta tudo que escrevo aqui, porque nem eu o faço. Quero, sim, que o que eu pensar (e escrever aqui), leve você, que lê a pensar. Propor debates e jornadas mentais que você que lê possa ter em grupo ou consigo mesmo. Meu objetivo é levantar questões e nunca resolvê-las. Claro que há o objetivo secundário, que é desabafar algumas coisas que eu penso, mas enfim, é isso.

Espero que tenham curtido, fiquem com o 1º movimento dessa maravilha tesuda e passem bem! =D

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

AVISO IMPORTANTE

Gente, eu quero dizer que, a partir de agora, vou tentar postar pelo menos um texto por semana! =D Juro que vou tentar adiantar alguns já pra conseguir manter essa meta mesmo que passe uma semana sem escrever, ok? E isso vale apenas para os textos normais, ou seja, artigos reflexivos. Isso significa que posso também postar poemas, desabafos, etc. durante a semana.

Todavia, tenho que avisar que não serei tão crítico com o que posto aqui. Isso significa que o critério para coisas que eu escrevo e posto vai ser reduzido. Há muitas coisas que escrevo ou penso que eu julgo não ser decente pra postar no blog, mas procurarei dar uma polida em tudo como sempre, ok?

Abraço a todos. o/

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A obsessão mal-direcionada do pensamento racionalista ateu

Depois de um bom tempo sem postar, me surgiu a inspiração a escrever um texto sobre algo que há muito tempo me irrita. Trata-se da obsessão em enfrentar a religião pelo movimento ateísta. LÁ VAI! \o\

(Na imagem: O Ateu: Ateus sem deus ameaçam a civilização Cristã)

O que temos a observar nas questões do grande movimento que há, tanto religioso quanto ateísta, é algo que está explícito desde o começo dos tempos: A Religião é um reflexo da Cultura. Os mitos sempre surgem, sim, para controlar uma população, empobrecer muitos e enriquecer poucos, etc, sim. No entanto é importante ressaltar que esses mitos e seus modos de vida implícitos não surgem apenas do nada, mas sim como reflexos mistificados de uma cultura já presente. Peguemos o exemplo da religião islâmica, onde a mulher é completamente subjulgada. Pense consigo mesmo: Você de fato acredita que as mulheres daquelas regiões não eram subjulgadas antes de o mito surgir? Só porque algo possui uma "desculpa celestial", não significa que esse algo não seria feito sem ela. "Vamos combater a religião, ela causa guerras, morte, conflito, alienação." é um pensamento ateu recorrente, e até verdadeiro. Mas pensem consigo mesmos nas guerras que "a religião causou" e reflita: Elas foram guerras em função de religiões ou de interesses políticos, apenas alicerçados em religiões?

O fato é que o combate ao conflito, guerra, alienação, é mais importante que o combate à religião em si. Vamos a outro exemplo disso: A Rede Globo. Claro que todo mundo sabe que as palavras Rede Globo e alienação andam juntas desde sempre, no entanto vamos observar o nosso tempo, longe das questões militares de décadas atrás. Assistindo à emissora, pode-se observar que, em todo o seu processo de alienação, da manhã até a noite, vemos pouca religião, ou uma religião tratada de forma nada séria. Isso extende-se aos comportamentos dos personagens das novelas (sendo estas um dos principais mecanismos de ditadura comportamental), que não possuem posturas religiosas, cansa-se de ver sexo, violência, atos vingativos, etc nas novelas da Globo, quase como se esta fosse uma emissora não-religiosa (salvo algumas referências culturais à religião católica, como casar na Igreja). Porque isso acontece todos sabem: A principal ameaça do monopólio total, que almeja uma fatia do bolo de gente pra emburrecer, é uma emissora com grande cunho religioso, a Rede Record. Agora fica a pergunta, que já tinha a resposta implícita desde o começo do parágrafo: Sem religião, a Globo aliena ou não (ozo ozo ozo, eu sou o rei da rima)?! Claro que sim.

Grande parte da população estadunidense realmente acredita que os soldados enviados ao Oriente Médio foram lá defender os ideais de Liberdade fundamentais de sua pátria mãe, algo ridículo perante aos olhos brasileiros, já que até em nossas apostilas nas escolas estaduais temos alguma informação de questionamento aos atos do governo dos EUA. Mesmo assim, o extremismo religioso está onde? Do lado árabe. Os EUA são o país que mais causa guerras (direta ou indiretamente), que mais causa miséria (idem), e, principalmente, que mais busca a alienação em massa. Ainda que exista um forte cristianismo por lá, é fundamental refletir se o país seria ou não seria assim, se não houvesse a religião, apenas o ateísmo. Novamente, é claro que seria.

A luta contra a religião e seus males, do movimento ateísta, parece cega a estas questões, lutando, provocando e enfrentando a religião de modo quase que (pasmem!) irracional, que é tudo que o ateísmo clama não ser. Não sou partidário de nenhuma religião, muito menos ateu, tenho até alguma crença no sobrenatural, no entanto é óbvio (há não ser que você seja um religioso alienado) que o ateísmo é melhor para o mundo do que a crença sobrenatural. O problema é que essa luta, e estou sendo redundante já, mira apenas uma face do problema. Eu, pessoalmente, acredito que os ateístas, que clamam ser tão racionais (e geralmente o são, ao menos muito mais que os religiosos), deveriam usar seu raciocínio e senso-crítico para combater, por exemplo, o capitalismo, que é, com absoluta certeza, um mal muito maior e mais poderoso do que a crença em entidades sobrenaturais.

O que me irrita de verdade, é que parece haver uma obsessão ateísta para com o ramo religioso e a luta contra este. Claro que devemos combater a religião e o pensamento ridículo que ela implica, mas antes disso devemos observar o mundo em que vivemos e as questões mais urgentes relacionadas a este. As igrejas são ridículas e cometem atrocidades, tanto socialmente, quanto psicologicamente, quanto políticamente. Se houvesse um maior investimento em educação e condições boas de vida dentro do país, a religião perderia seu poder automaticamente, pois menos pessoas a procurariam, pois, vulgarmente falando, teriam mais cérebro, e, principalmente, mais esperança: Esperança de uma vida decente, esperança de uma liberdade de expressão, esperança não depoisitada em entidades sobrenaturais, mas sim no próprio trabalho e dedicação.

Deixo claro que não digitei o texto aqui, visando ofender os ateus ou o pensamento ateísta, pois simpatizo bastante com o mesmo. Deixo claro também que não visei ofender os religiosos (mas sempre viso ofender o ridículo, esdrúxulo, horrendo pensamento religioso tradicional).

Espero que, quem curte ler meu blog, me perdoe pela demora, mas inspiração é inspiração e não é sempre que ela vem.