terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A obsessão mal-direcionada do pensamento racionalista ateu

Depois de um bom tempo sem postar, me surgiu a inspiração a escrever um texto sobre algo que há muito tempo me irrita. Trata-se da obsessão em enfrentar a religião pelo movimento ateísta. LÁ VAI! \o\

(Na imagem: O Ateu: Ateus sem deus ameaçam a civilização Cristã)

O que temos a observar nas questões do grande movimento que há, tanto religioso quanto ateísta, é algo que está explícito desde o começo dos tempos: A Religião é um reflexo da Cultura. Os mitos sempre surgem, sim, para controlar uma população, empobrecer muitos e enriquecer poucos, etc, sim. No entanto é importante ressaltar que esses mitos e seus modos de vida implícitos não surgem apenas do nada, mas sim como reflexos mistificados de uma cultura já presente. Peguemos o exemplo da religião islâmica, onde a mulher é completamente subjulgada. Pense consigo mesmo: Você de fato acredita que as mulheres daquelas regiões não eram subjulgadas antes de o mito surgir? Só porque algo possui uma "desculpa celestial", não significa que esse algo não seria feito sem ela. "Vamos combater a religião, ela causa guerras, morte, conflito, alienação." é um pensamento ateu recorrente, e até verdadeiro. Mas pensem consigo mesmos nas guerras que "a religião causou" e reflita: Elas foram guerras em função de religiões ou de interesses políticos, apenas alicerçados em religiões?

O fato é que o combate ao conflito, guerra, alienação, é mais importante que o combate à religião em si. Vamos a outro exemplo disso: A Rede Globo. Claro que todo mundo sabe que as palavras Rede Globo e alienação andam juntas desde sempre, no entanto vamos observar o nosso tempo, longe das questões militares de décadas atrás. Assistindo à emissora, pode-se observar que, em todo o seu processo de alienação, da manhã até a noite, vemos pouca religião, ou uma religião tratada de forma nada séria. Isso extende-se aos comportamentos dos personagens das novelas (sendo estas um dos principais mecanismos de ditadura comportamental), que não possuem posturas religiosas, cansa-se de ver sexo, violência, atos vingativos, etc nas novelas da Globo, quase como se esta fosse uma emissora não-religiosa (salvo algumas referências culturais à religião católica, como casar na Igreja). Porque isso acontece todos sabem: A principal ameaça do monopólio total, que almeja uma fatia do bolo de gente pra emburrecer, é uma emissora com grande cunho religioso, a Rede Record. Agora fica a pergunta, que já tinha a resposta implícita desde o começo do parágrafo: Sem religião, a Globo aliena ou não (ozo ozo ozo, eu sou o rei da rima)?! Claro que sim.

Grande parte da população estadunidense realmente acredita que os soldados enviados ao Oriente Médio foram lá defender os ideais de Liberdade fundamentais de sua pátria mãe, algo ridículo perante aos olhos brasileiros, já que até em nossas apostilas nas escolas estaduais temos alguma informação de questionamento aos atos do governo dos EUA. Mesmo assim, o extremismo religioso está onde? Do lado árabe. Os EUA são o país que mais causa guerras (direta ou indiretamente), que mais causa miséria (idem), e, principalmente, que mais busca a alienação em massa. Ainda que exista um forte cristianismo por lá, é fundamental refletir se o país seria ou não seria assim, se não houvesse a religião, apenas o ateísmo. Novamente, é claro que seria.

A luta contra a religião e seus males, do movimento ateísta, parece cega a estas questões, lutando, provocando e enfrentando a religião de modo quase que (pasmem!) irracional, que é tudo que o ateísmo clama não ser. Não sou partidário de nenhuma religião, muito menos ateu, tenho até alguma crença no sobrenatural, no entanto é óbvio (há não ser que você seja um religioso alienado) que o ateísmo é melhor para o mundo do que a crença sobrenatural. O problema é que essa luta, e estou sendo redundante já, mira apenas uma face do problema. Eu, pessoalmente, acredito que os ateístas, que clamam ser tão racionais (e geralmente o são, ao menos muito mais que os religiosos), deveriam usar seu raciocínio e senso-crítico para combater, por exemplo, o capitalismo, que é, com absoluta certeza, um mal muito maior e mais poderoso do que a crença em entidades sobrenaturais.

O que me irrita de verdade, é que parece haver uma obsessão ateísta para com o ramo religioso e a luta contra este. Claro que devemos combater a religião e o pensamento ridículo que ela implica, mas antes disso devemos observar o mundo em que vivemos e as questões mais urgentes relacionadas a este. As igrejas são ridículas e cometem atrocidades, tanto socialmente, quanto psicologicamente, quanto políticamente. Se houvesse um maior investimento em educação e condições boas de vida dentro do país, a religião perderia seu poder automaticamente, pois menos pessoas a procurariam, pois, vulgarmente falando, teriam mais cérebro, e, principalmente, mais esperança: Esperança de uma vida decente, esperança de uma liberdade de expressão, esperança não depoisitada em entidades sobrenaturais, mas sim no próprio trabalho e dedicação.

Deixo claro que não digitei o texto aqui, visando ofender os ateus ou o pensamento ateísta, pois simpatizo bastante com o mesmo. Deixo claro também que não visei ofender os religiosos (mas sempre viso ofender o ridículo, esdrúxulo, horrendo pensamento religioso tradicional).

Espero que, quem curte ler meu blog, me perdoe pela demora, mas inspiração é inspiração e não é sempre que ela vem.

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