sábado, 30 de abril de 2011

Pequeno ensaio a respeito do avanço desenfreado da tecnologia na sociedade consumista


[A imagem acima não é de minha autoria, achei na net e traduzi, só.]

Peguei-me refletindo, durante um certo período de insônia, a respeito de algumas coisas em relação à tecnologia moderna e senti-me compelido a compartilhar com os leitores do blog as idéias - um tanto quanto abstratas, de fato - que surgiram de tal reflexão. Visto esta ser outra postagem um tanto quanto mais complexa, tentarei mimetizar a forma como escrevi minha dissertação a respeito da formação/consequência da orientação sexual na sociedade moderna, porém adotando uma linguagem um tanto quanto mais descontraída.

Apesar da seriedade que minha escrita traz, gostaria de iniciar o texto com, pasmem, uma piada. Piada essa de natureza um tanto quanto contra-ideológica, vocês verão.

Todos os dias, de sua luxuosíssima cobertura em uma cidade litorânea brasileira, um empresário podia observar, pela janela, ao longo do período em que trabalhava de seu escritório particular, a rotina de um pescador, na praia. Diariamente ele via o pescador trabalhar não mais que algumas horas, vender alguns peixes, comer outros, vez ou outra comprar o básico para viver e passar o resto do dia tocando viola, ou mesmo apenas relaxando na rede, fumando seu caximbo. Sendo o empresário um homem de origem humilde - talvez até mais que a do homem que observava -, um típico self-made-man que subira na vida graças a muito trabalho e grandes noções de empreendedor, não conseguia suportar o fato de que o pobre homem lá de baixo não trabalhasse mais e ampliasse seu negócio de pesca. Tendo isso em vista, resolveu num dia em que estava menos ocupado, descer até a areia e indagar o pescador quanto aos fatores que tanto lhe incomodavam. Abordou então o homem:

-Ei, pescador! Tem um minuto?

O pescador levantou vagarosamente da rede, expreguiçou-se e foi então conversar com o bacana:

-Pois não, dotô'?

-Eu não pude deixar de observar, todos os dias o senhor trabalha menos que quatro horas e fica relaxando o resto do dia aí na rede. Correto?

-Sim, dotô', por quê?

-Bem, é que se o senhor trabalhasse mais horas, poderia vender mais peixes, acumular mais lucro.

-E daí?

-Daí que o senhor poderia comprar uma rede melhor e pescar ainda mais, para então acumular mais lucro e até comprar um barco! Daí pescar muito mais, até poder comprar outro barco! Poderia chegar até a ter uma frota!

-E daí?

-Daí que o senhor poderia ficar rico, se trabalhasse mais, durante sua vida!

-E daí?

-Daí que rico o senhor ia poder aproveitar a vida!

O pescador parou, pensou, voltou então à rede, deitou-se, expreguiçou-se e então falou, sorrindo:

-E o que o dotô' acha que tô fazêno agora?

É claro que, nenhum de nós conseguiria viver uma vida de "vadiagem" como a do pescador apresentado na piada. Ainda assim, ela é importante para que eu demonstre o raciocínio que pretendo demonstrar. A felicidade é relativa e o que faz uma pessoa feliz, jamais fará a outra. O empresário jamais se contentaria com a vida do pescador e o pescador, ainda que pudesse talvez facilmente acostumar-se ao luxo, aos banhos, carros, roupas, iates... Dificilmente conseguiria trabalhar durante a vida toda tal qual o empresário. No entanto, por que NÓS não conseguimos nos adaptar à vida do pescador? É claro, nós só perseguimos o dinheiro, não porque somos porcos capitalistas, mas sim porque perseguimos as coisas que nos dão prazer, conforto, diversão... E essas coisas custam dinheiro , quer dizer, sexo não né, se você tiver com quem fazer, mas leve em conta que são necessárias camisinhas (dá no posto? E você acha que é o imposto de quem que paga?), um lugar privado pra trepar (menos na Holanda kkkkkk Holanda = Paraíso kkkkkkkk), enfim, apenas perseguimos o lucro e o dinheiro para podermos ter as coisas que nos dão prazer ou conforto. Porém a questão vai além disso: A questão real é que fomos induzidos, condicionados, nosso cérebro foi lavado, para querermos e termos prazer com as coisas que custam dinheiro! Esse é o processo básico da Ideologia, uma das principais ferramentas do sistema. Marx disse algo como "Somente o homem livre dos bens do capitalismo poderia ser o agente da revolução contra o capitalismo" (claro que a frase não é exatamente essa, mas enfia a idéia de que vo buscar a certinha você sabe onde). Isso quer dizer que nós (e como "nós", refiro-me a mim e aos leitores do blog) não poderíamos nos revoltar contra o capitalismo, visto que já estamos *uns mais que outros* sob influência da Ideologia, e um regime não-capitalista iria nos impedir de ter as coisas que as grandes empresas nos vendem. Claro que o capitalismo se fundamenta em outros diversos pilares, como a mais-valia, mas hoje é sobre tecnologia que eu quero falar.


A função do avanço tecnológico dentro da Ideologia


Como você deve ter aprendido na escola, o capitalismo persegue mais e mais lucro (Master of The Obvious!!!!! \m/). Ainda assim, seria complicado que a sociedade não ficasse estagnada em seus bens caso não existisse o consumismo, então não haveria mais e mais lucro e sim uma quantidade de lucro igualmente estagnada. Por isso que a moda avança (isso e claro outros fatores que não têm tanto a ver com política), e que, PRINCIPALMENTE, surgem novas tecnologias. Se o seu PC é bom hoje, amanhã ele não será. O mesmo pode ser dito de seu video-game, celular, televisor, eletrodomésticos, enfim, de toda a tecnologia que você possui e pode possuir no futuro. Vi um rapaz na TV esses dias, rapaz que vai apresentar um programa sobre tecnologia, ser indagado a seguinte questão: "Você acha que a tecnologia está avançando rápido demais para a sociedade ou a sociedade é que é lenta?" Apesar da ridicularidade da pergunta em si (afinal, só há seres-humanos pensantes no mundo, nada de elfos, asari, vampiros ou quaisquer outras raças imortais que a ficção possa pensar), é de total importância a resposta dela e é nesse ponto que eu ainda chegarei ao final deste post.

A questão é que os problemas, alienação, etc que a tecnologia traz, vêm do processo de acúmulo de lucro necessário à manutenção do sistema capitalista. Então recapitulando, para que possamos encerrar:

Passo 1 - O sistema precisa de mais e mais lucro.

Passo 2 - Para lucrar, o sistema precisa da Ideologia, que acarreta no:

Passo 3 - O consumismo permanesce implantado na sociedade, mas o consumismo por si só não se sustenta então...

Passo 4 - Surge o avanço da tecnologia de forma desenfreada, de forma a realizar a manutenção do consumismo junto com outros fatores como a moda.

Passo 5 - A tecnologia aliena as pessoas e realiza a manutenção da Ideologia por si prórpria.

Passo final - O intelecto e o senso crítico das massas, o avanço tecnológico positivo, isto é, aquele que vem com a necessidade ("Precisa fruta, faz lança" nas palavras de um personagem fictício muito interessante) e mesmo a natureza e os recursos naturais, acabam prejudicados por tudo isso. O avanço da tecnologia não só cria pessoas que não se adaptam ao mundo, mas acarreta problemas como a devastação do planeta, regimes de semi-escravidão e trabalho infantil em fábricas, super-produção de lixo tecnológico, alienação das massas e prejuízo ao bem-estar psicológico e social, entre muitos outros.



Resumindo, com a resposta da perguntinha ridícula: A tecnologia avança rápido demais. Por quê? Porque é isso que o sistema quer. Por que ele quer? Pra gerar mais e mais lucro e ter cada vez mais poder pra pequenas minorias.

Espero que tenham gostado desse post. Sei que o tema é muito mais abrangente, mas enfim... Beijos e fiquem com DT, porque (é a melhor banda do mundo e...) em breve veremos Mike Mangini pilotando as baquetas. E por favor comentem! Se ninguém comenta, eu não tenho motivo nenhum pra escrever.