quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Como todos somos estuprados desde a infância

Eu pensei em não digitar esse post. Seriamente. Primeiro porque é uma crítica rasa, sem pesquisa e um tanto óbvia, também. No entanto, pensando no pessoal que lê, sei que muita gente vai gostar dele e que muita gente não ouviu essa crítica tão básica. Portanto, farei as honras e serei o primeiro (tomara que de muitos) a dizer isso a alguns de vocês. Trata-se de uma crítica ao sistema educacional brasileiro (e de grande parte do mundo) e suas fundamentações básicas.

Pra começar, vamos a uma pergunta básica que fundamenta todo o resto: Por que você vai/foi à escola? De certo, são várias as respostas... Mas a maioria, claro, será no grosso um "para ser alguém na vida". Seja para conseguir um emprego que necessita do fundamental ou do médio completo, ou para poder entrar em uma Universidade, é pra isso que todos nós vamos à escola. É para isso que todos nós sofremos o estupro educacional.



"Estupro educacional? Como assim?!" Bem, essa é uma expressão que já ouvi dois grandes professores meus usarem. Pois explico: Estupro educacional, é como um estupro sexual, mesmo: X quer, Y não, mas Y é forçado a fazer mesmo assim.

A escola, como a conhecemos hoje, tem sua principal falha (na minha opinião, excluindo questões políticas) no fato de que é um sistema desenvolvido para ensinar pessoas a terem resistência a atividades repetitivas diárias (preparação para o trabalho massante) e sucesso baseado num sistema de testes. A escola e o método de estupro estudo "criam" o aluno, por assim dizer, para ser um robô, capaz de passar em testes, um cão que executa saltos e truques esperando um biscoito.

Acredito que muitos já devem ter questionado porque estavam a aprender certa matéria e o educador que a ensinava respondeu veemente que "Cai no vestibular." Ora, nada podemos fazer, se "cai no vestibular", senão aprender se quisermos entrar numa universidade, certo? No entanto, mesmo caindo no vestibular, não muda o fato de que, dependendo do curso que pretendemos fazer (ou se não pretendemos fazer nenhum), o conhecimento adquirido ali continuará inútil. A escola não cria o aluno como uma preparação para o ensino superior* ou lhe dá estudo, educação, mas sim ensina-o a passar em testes programados. Todo o sistema, desde a nossa primeira série, até o ensino superior (que triunfa ainda em alguns outros aspectos), baseia-se no simples sucesso em testes e/ou atividades mecânicas.


Na lousa: "Não vou instigar revolução"

Ora, devo confessar que, vendo as coisas por esse lado, sinceramente dou mais valor a um aluno que burla o sistema e faz apenas o suficiente para passar de ano, do que àquele aluno considerado exemplar, que tem as melhores notas. Claro que nossa sociedade aplaude mais ao segundo e execra (até pune!) o primeiro, no entanto é importante lembrar que falo da mesma sociedade que aplaude mais àquele que trabalha feito um desgraçado a vida toda (sempre defendendo os interesses de outros e nunca os próprios), para ter sucesso financeiro e ascensão social. Mesma sociedade que aplaude aquele que trabalha duro a semana toda, para ter sucesso financeiro e poder descontar todas suas frustrações no simples ato de comprar e provar que valeu a pena todo o esforço. É a mesma medíocre e alienada sociedade que aplaude o cidadão alienado, quem aplaude o aluno que nada mais é que um protótipo do próprio cidadão, um robô mirim. 


Primeiro, desde a infância, somos estuprados cada vez mais, durante anos, apenas para que nos preparemos para o grande estupro da alienação pelo trabalho. Perdoem-me o exemplo tão chulo, mas da forma como eu vejo as coisas, o sistema educacional, a escola antes do trabalho, é como se desde a infância fôssemos FODIDOS NO CU por um consolo cada vez maior, para enfim encararmos o Shane Diesel sem reclamar, pelo resto de nossas vidas. O ensino técnico que o diga, é como se fosse o primeiro cacete humano que se encontra entre o último consolo de látex e o Shane. Frustrados pelo abuso repetido e constante, pela inércia e pela insatisfação de seus anseios pessoais, satisfeitos apenas na compra de mercadoria, estes chamados cidadãos desejam as mesmas frustrações no outro, e se orgulham quanto mais estuprados estes são.

E sabem o que é o pior de tudo? É que o ciclo vicioso se repete, com os pais descontando tais frustrações nos filhos, desejando que os filhos sofram o mesmo estupro que eles, ou que possa compensar o estupro (que para eles não foi compensado) com seu belo Biscoito Scooby.

Acho que se continuasse minha crítica, começaria a ser redundante e não o desejo. Quero pedir desculpas pelo atraso de um dia da postagem, mas não consegui escrever na quarta-feira e me faltou a inspiração para fazê-lo anteriormente. Uma boa vida, com o mínimo possível de estupros, a todos. Fiquem com uma música MUITO foda.

Um comentário:

  1. Ótimo post! A parte que mais me chamou atenção encontra-se neste trecho: "E sabem o que é o pior de tudo? É que o ciclo vicioso se repete, com os pais descontando tais frustrações nos filhos, desejando que os filhos sofram o mesmo estupro que eles, ou que possa compensar o estupro (que para eles não foi compensado) com seu belo Biscoito Scooby."

    Se eu chegar a dizer algo assim para os meus pais, eles querem é me botar de castigo ou me surrar, mesmo sabendo que estão errados. Simplesmente não entendo. Eu tento questionar a verdade e sou reprimido. D:

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