domingo, 9 de dezembro de 2012
Conto: Situações da vida...
Quando terminei a escola acreditei que havia chegado enfim o momento de liberdade onde eu não seria mais forçado a conviver com um bando de gente ignorante. Erro meu, os desgraçados ainda me reconhecem na rua e se aproveitam de minha cordialidade. Sempre me odiei por ser uma dessas pessoas legais que trata todo mundo bem, mesmo sem querer ou gostar de ninguém. Sabe, né, essas pessoas naturalmente sociáveis? Pois é, são tipo eu. "Ei, tá aí truta? Tu entrou numa brisa louca" ele me deu um empurrão no ombro. "NÃO ENCOSTA A MÃO EM MIM, ESCÓRIA." Foco, foco. Eu ri da forma menos amarela possível (o que já foi mais amarelo que o Sol) e disse que apenas estava pensando, ele ignorou e já me interpelou repetindo a pergunta tão imbecil: "É gostosa?" Não, pior que não é gostosa, se é isso que você está pensando. Magricela feito uma porta, acho que a bunda menos carnuda que eu já comi.
Aliás, essa sociabilidade que me odeio por ter acaba compensando quando é pra conseguir uma foda, as meninas acabam achando que eu sou legal e já vão logo abrindo as pernas mediante alguma conversa mole. Ah! Foco! Estava falando da bunda. Bunda de gaveta, dessas que não dá vontade de comer o cu da garota e ainda não tem peito. As coxinhas são pegáveis assim mas nada de especial. Ainda bem que é bonita, senão ia ser uma tábua feia. Mas eu talvez gostasse assim mesmo, sei lá.
"Sim, gostosa." Menti. Ele riu, "Aí sim!" e me deu um tapa nas costas. Desgraça, mas por que esses merdas têm de ser tão invasivos com o espaço individual das pessoas? Será que quando quer comer alguém já chega enfiando o pinto também?! Nesse ponto eu já comecei a ficar nervoso, o que é bem diferente de meu estado "de saco cheio" anterior. Só conseguia ficar criando teorias sobre como eu dispensaria aquele chato o mais rápido possível. E ele começou a divagar... "Eu tava pegando uma mina aí, também, mas daí..." Bla bla bla, enquanto estivesse apenas divagando assim, eu poderia simplesmente fingir estar prestando atenção enquanto que o ignorava, até que ouvi um "Não tô certo, cara?!" ri por dentro e disse "Sim, claro!"; tomara que ele não tenha dito "Você é um viado de bosta" antes. Ele sorriu com inocência e falou então algo que me assustou: "Você é truta, cara, é isso aí. Ainda bem que eu não tenho nada pra fazer, posso ficar trocando idéia contigo até umas hora..." Nesse momento entrei em desespero e comecei a pensar imediatamente sobre qual seria a desculpa mais crível para dar o fora dali.
Foi quando avistei minha tia, ao longe. Dessas tias gordas que a gente vê comprando alimentos gordurosos de vez em quando, no supermercado... Sim, estávamos no supermercado. Bem na porta, eu só ia comprar uns rolos de papel higiênico que faltavam em casa, esse cara parecia que só ia se consultar com um psicólogo. Acenei rápido para minha tia "TIA!!!" e dei um sorrisão. Ela sorriu de volta e chamou pelo meu nome. Movi as mãos como se enrolasse algo entre os dedos, sinalizando que queria conversar. Disse então pro lixo humano "Aí cara, vou lá com minha tia, tenho que falar com ela e vou aproveitar, já que eu encontrei ela aqui né... Melhor tu nem vir junto cara, 'cê não sabe como essa mulher é chata." Ele deu mais um pouco de risada e falou alto "Aahh firmesa! Qualquer hora nós se tromba aí, falou truta!" "Falou" eu finalizei cumprimentando-o com um aperto de mãos.
Fui até a gorda, que me beijou, abraçou e já foi me levando pelo ombro com ela pra dentro do supermercado "Nossa como você tá lindo ein, como vai sua mãe? E seu pai? Nossa tá calor né, vamos comprar sorvete, vai me contando!" Lamentei minha decisão precipitada e fui andando com ela.
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É isso, LEVEMENTE auto-biográfico.
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Otakus metidos a intelectuais...
Claro, animação e literatura pode indiscutivelmente ser arte. E pode ser criticada por um intelectual. O problema começa quando alguém que não é capaz de fazê-lo, decide se meter a ser intelectual e fazê-lo. "Mas então só intelectuais podem ser críticos?! Que absurdo!" Não, não é isso que eu quero dizer, mas para criticar algo com certa propriedade crítica você tem que ter um certo conhecimento, correto? Conhecimento que os otakus NÃO TÊM. Não adianta, eles realmente não têm o conhecimento para criticar um anime/mangá da forma como costumam fazê-lo. Podem me xingar, otakus, mas a verdade é essa. Graças a isso e ao conhecimento dessa questão que alguns otakus possuem, surge uma aberração da natureza humana social, que é o otaku-intelectual!
Mas o que seria um otaku intelectual? Bem, muitos que lêem este texto devem pensar "Ora, é uma pessoa com a definição de intelectual que gosta de animes e mangás, além de cultura japonesa." O problema, é que você que está lendo se enganou se pensou isso! Porque uma pessoa que gosta de cultura japonesa, animes e mangás, NÃO É um otaku (eu mesmo gosto muito). Porque para ser otaku, o primeiro passo é ser retardado e apreciar algo japonês (ou hoje em dia, também, coreano), apenas por ser japonês, se é que entendem o que eu digo. Como diz um amigo meu, que eu não vou citar o nome, se a última moda no Japão, fosse comer merda, os otakus diriam "Nyaaaaaaaaaaa cocô!!! *--* Que kawaiii esse cocozão!!! *_* Vamos comer muito cocô hoje! XDDDDD E depois beijar muito!! (*3*)" (E se anglicismos já são feios sendo que somos bombardeados com a cultura estadunidense desde o nascimento, o que dizer de "niponismos" em nossa língua?!). Otakus simplesmente dizem pérolas que atacam ao bom senso, como "Não curto ler livros, só mangá." ou "Anime não é desenho" ou ainda pior "Não curto tal música porque só gosto de música em japonês." (essas aí doem até na alma, mas tem muito mais de onde elas vieram). Mas ocorre a fusão do pseudo-intelectual, com o otaku, é que temos as grandes pérolas. Pois o otaku-intelectual, não é simplesmente um otaku perolador qualquer...
Um otaku intelectual pode ser muito mais perigoso. Porque ele é um otaku que se acha inteligente, bem informado e superior aos outros otakus, quando, na verdade, ele sabe (e pensa) apenas aquilo que está ao alcance de todos os outros otakus, ou seja, nada! Um otaku intelectual, apenas leu resumos de livros (e somente aqueles que foram referenciados em algum mangá/anime) na wikipedia. Um otaku intelectual acredita que música intelectual é música erudita, apenas por ser; e só ouve as obras de música que tocaram na trilha de algum anime. Também se acha intelectual, por conhecer muito da cultura de outro país, mas não a clássica ou tradicional, mas sim a moderna e industrial; e é de um país só: O Japão. Também nunca vê um filme que não tenha sido referenciado em algum anime/mangá; e quando vê algum filme bom que o foi, não o entende além daquilo que o anime/mangá referencia. Acho que já deu pra entender o que é um otaku intelectual, né? E aí é que surgem pérolas, como "Anime tal, inventou tal clichê." (referindo-se a algum clichê que tenha sido inventado séculos antes) ou "As obras de tal banda de jrock, são comparáveis a Bach." OU "Gostaria de viver no Japão, pois é a nação onde as pessoas são mais livres" (nossa essa é pra pular dum prédio) OU AINDA "Os personagens de Naruto são muito bem construídos e originais" (tá, essa eu nunca ouvi, talvez não exista alguém est´pido o suficiente para dizer isso).
Enfim, não vou concluir o post com nada, pois ele foi de cunho humorístico. Mas espero que tenha rendido boas risadas a todos os que não gostam dos otakus intelectuais.
Se você gosta de animes e mangás, mas sabe ler um livro, apreciar um filme e ouvir música não-oriental (classic rock e variações do metal não contam); e se classifica como "otaku", não se ofenda com meu texto, afinal você não é otaku, mas sim uma pessoa normal que gosta de animes e mangás; e não um otaku.
A palavra "otaku", em japonês, é um instulto e significa "pessoa bitolada em alguma coisa" e ser bitolado não é um elogio, caso você não saiba, é ser um babaca, que só pensa em algo, ignorando o resto do mundo. Não é algo bom, ou motivo de orgulho. Os otakus brasileiros, que SABEM do significado dessa palavra, afirmam que ela assumiu um contexto diferente no ocidente e, portanto, que ela se refere apenas a fãs de animes e mangás. MAS O QUE SE VÊ, é outra história, pois o que se vê, é a palavra designando pessoas bitoladas.
Observação: Por mais que eu insulte e denigra os otakus, não significa que eu ache que devam morrer ou algo assim. Sou, inclusive, amigo de muitos.
Observação 2: Também por mais que eu insulte e denigra os otakus, nunca o farei com as palavras "virgem", "forever alone", "friendzone", ou o raio que o parta, pois sei que os otakus e as otakas (porque "otome" eu não vou usar) são muito safados e metelões, assim como o povo japonês.
Arigato e saionara. *desaparece como um ninja*
sábado, 13 de outubro de 2012
Luzes dançarinas
Andava por aquela rua, aquela dos bares, observando vez ou outra as luzes quentes que coexistiam de forma tão pacífica com o ambiente que horas atrás fora caótico, mas onde agora só observavam-se uma meia dúzia de gatos pingados, aqueles que adiariam o momento da volta para casa ao máximo, sempre acompanhados de um ou dois amigos e também de esperanças, iguais às suas, de conseguir encontrar alguma alma gêmea de interesses passageiros. Os reflexos daquelas mesmas luzes nas possas d'água pareciam dançar de vez em quando, como se ouvissem alguma melodia à lá Dexter Gordon, enquanto as mentes daqueles que ainda residiam na rua apenas acompanhavam a melodia de seus interesses, que no fundo sabiam que eram fúteis, mas os perseguiam mesmo assim. E assim seguia em linha reta, sozinho, observando aquele movimento de uma orquestra tão caótica quanto poderia ser, regida por um maestro invisível e talvez inexistente. E assim seguia em linha reta, o cigarro já acabava junto com a noite, que estava finda no momento em que se iniciou, pois ninguém sai à noite sozinho. E riu. Riu para não chorar ou apenas para identificar-se com algo. Riu de sarcasmo, ou qualquer coisa que pudesse tornar menos trágica sua situação. Passando em frente a uma porta espelhada, riu até de sua aparência, lá pros trinta e cinco, alto demais, o casaco bege de andar de moto batido, acompanhado por aquele jeans que usava desde a adolescência e um par de sapados sociais bicudos que não combinavam em nada com resto. Riu também de seu cabelo, que parecia tão vivo pelo gel no começo da noite e agora já era enrolado e desgrenhado de novo. E também riu do fato de conseguir andar, apesar das várias cervejas que já haviam acariciado sua garganta àquelas altas horas.
Tirando os olhos do espelho, viu ao longe, enquanto ali estava parado, uma gordinha. A falta dos óculos apenas lhe permitiu enxergar na moça essa característica negativa, além da baixa estatura. No que ela se aproxiumou teria notado como era feia, mas aproveitou de seu estado etílico para ignorar isso. E ela então acidentalmente, enquanto andava rápido, esbarrou. E pediu desculpas, que ele ignorou como se fossem avisos de mãe, mas para sua surpresa ela continuou, dando explicações e puxando assunto, rindo de leve, demonstrando aquele interesse que as mulheres pensam ser sutil e os homens pensam ser sexo garantido, dizendo aquelas palavras que as mulheres fingem ser importantes e os homens fingem dar atenção. E não demorou.
Não demorou para que estivessem entretidos em suas bocas na parede, sem muita enrolação, mãos procurando aquilo que sabiam que estava lá e logo estavam já em outro lugar, não as mãos, mas aqueles dois. Em algum lugar mais isolado, onde aconteciam introduções familiares a todos e satisfações de interesses que são tão egoístas que acabam por desenvolver um certo altruísmo bizarro. E depois, quando ambos já estavam há muito satisfeitos, os corpos cansados e as mentes indispostas, foi quando ele se deu conta que já amanhecera tempos antes, e que as luzes não dançavam mais as melodias de Dexter Gordon no meio das poças d'água; e também que os bêbados, drogados, mendigos e gatos pingados já todos haviam deixado o local, ou ao menos suas consciências. E que ele também já não estava lá, mas estava em sua casa já, sequer lembrando-se direito da noite que cruzara feito um passageiro anônimo de um trem que não vai a lugar algum. E dormiu em sua cama, onde a gordinha também não estava, afinal não fora ali que fizeram sexo - e não amor - mas sim em algum quarto de algum motel barato. E ele riu de novo, pra não chorar, dessa vez foi aquele último riso perdido em pensamentos antes da chegada de um sono tão adiado que veio como pedra, como o sono da morte mas que não era morte, na prévia de um domingo que já se iniciaria para ele durante a tarde.
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É gente, como percebem, agora que eu voltei o blog mudou um pouco, estarei, além das postagens mais pessoais, postando mais ficção e poemas. É isso aí, não significa que não postarei coisas como as de antes aqui, só que a frequência será menor.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Incerteza
Como é cruel
a incerteza.
Incerteza de um futuro
incerto.
Incerteza de se achar
esperto.
Vida que flui,
sozinha.
Companhia nula nessa
incerteza minha.
Intelecto, artístico e proativo:
Sublimações.
Destino não é montável
como "Lego".
Vem de presença furtiva
e em curso cego.
Onde? Quando? Por quê?!
Fazer o quê?!
E da morte, como em filme,
não se escapa.
E divindades também fazem
Silêncio.
Danse Macabre que leva todos
às trevas, incertas.
Olhares, situações e credos árduos.
Desejos escondidos, que
não possuem firmeza, ou
realização duradoura.
E tornam-se assim, fardos!
Mesmo quando irrestritos - vê?!
Incerto eu, que líquido sou...
Moderno fui, outrora.
Como é cruel
a incerteza,
que torna-se dádiva
e maldição,
que gera a fé, o amor,
a ação e a reação;
que é presente na vida,
mãe biológica da sorte e, ainda,
mais presente - sempre!
na morte.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
De volta?
E não pra "reabrir com chave de ouro" mas simplesmente porque eu assim desejo, eu vou escrever as reflexões que me ocorriam no momento em que decidi escrever isso. O negócio é que eu saí do Facebook. Eu poderia dar uma série de razões para o porquê de eu ter saído, mas a maioria delas eu já escrevi na postagem que, por coincidência, vai ficar bem embaixo dessas (apesar do intervalo de tempo enorme entre elas). Mas enfim, eu saí. E agora eu estou aqui de madrugada e não tem ninguém. Eu estou acordado, no computador, à toa, sem querer dormir. E por quê eu não quero dormir? Talvez, acho, porque eu não quero que chegue amanhã, ou que acabe hoje e eu não tenha feito nada, não tenha me divertido ou "aproveitado" o tempo o bastante. Então eu fico aqui e essas reflexões me atingem no momento em que a realidade bate à porta e eu noto o quanto as coisas parecem diferentes de dois, talvez três anos atrás. Porque naquela época, em qualquer época do ano, sempre havia alguém no MSN pra conversar de madrugada, a noite toda. Sim, pode parecer idiota (e é), mas isso fazia a diferença, porque hoje eu abro essa janelinha e não vejo mais aquelas pessoas; e não há pessoas novas para substituí-las, há no máximo pessoas cujo contato não tenho a tanto tempo que as novidades deixam de ser novidades para perder o seu ponto discutível, ou simplesmente pessoas com quem uma conversa não fluiria porque não se tem muito o que falar. E essas são pessoas que eu gosto, imagine aquelas que eu não gosto...
Parece que antigamente, mesmo que digital, desejava-se mais um contato profundo, ter uma conversa, uma relação. Hoje, mesmo que as pessoas não percebam, parece que não há mais isso. Parece que só interessa-se por fatias de tempo tão irrisórias que não são mais lembradas no momento em que se tornam passado. Ou algo assim. Eu estou escrevendo enquanto reflito, então pode ser que as coisas que passam por minha cabeça só façam sentido nela. Não vou revisar isso aqui. Eu apenas sinto falta de ter um contato tão profundo e duradouro, que hoje se perdeu em meio à maré de drogas ideológicas digitais e momentâneas. De vez em quando encontramos aquelas pessoas e aí esse contato acontece, mas com que frequência?! Por que não é mais todos os dias, porque não dá mais pra falar sério com ninguém, ter uma conversa de verdade...
Eu sinto como se o tempo agora passasse mais rápido porque agora é apenas uma ilusão de satisfações que não satisfazem de verdade. Eu não treino artes marciais ou faço sexo porque é divertido, ou pra passar o tempo. Eu os faço porque eu careço de um contato verdadeiramente profundo, humano e duradouro, que hoje se tornou apenas um clichê para admirarmos em algumas dessas diversões momentâneas.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Rede... "Social"?
Esse post tá atrasado, mas agora com as aulas tenho menos tempo que antes, portanto acho que é compreensível né?
O que quero falar hoje, é sobre como as pessoas usam as redes sociais como um escapismo para a realidade. Mas antes, quero falar umas outras coisas. A primeira, é sobre um diálogo que tive ontem com meu primo, que veio a calhar. Mencionei um livro intitulado "Why people play video-games" e então falei sobre ter uma outra vida e compensação pela realidade fútil e ridícula em que perdemos nossa individualidade e somos alienados a cada passo e respiração. Então ele fez uma cara de "É... Compensação, mesmo né =/" e disse "Why people watch movies, why people go to night clubs, why people do drugs..." e fui obrigado a concordar. No entanto, tenho que dizer que acredito que, apesar de ser escapismo e compensação pela realidade a causa da difusão das redes sociais, não acredito que elas se enquadrem nessa mesma categoria. Pelo simples motivo que são uma pseudo-realidade, porém ligada à vida social real.
Acontece que são um misto de ambas as realidades, pois podemos nunca conhecer 90% daqueles chamados "amigos". Claro que podemos fazer grandes amizades, etc, no entanto é fundamental ressaltar o tom de escapismo que as redes sociais oferecem. Pois a realidade social só será conectada a elas se o usuário assim quiser, tendo em vista que pode ser alguém completamente diferente de seu eu real ali. A realidade não compensa para a maioria das pessoas, no entanto acho que o âmbito das redes sociais é justamente o fato de que fazem o usuário acreditar na realidade que supostamente representam.
Lembro que antes de o Felipe Neto virar estrelinha (mas quando já caminhava nessa direção), ele fez um video muito criticado pelo simples fato de não ter graça, mas que eu achei genial. Nele, ele interpretava o que para ele é a visão do futuro de nossa geração, uma pessoa completamente alienada por esse escapismo falsamente real, falsamente social. O que se pode enxergar nesses acúmulos de números e fúteis interações, não é uma maior interação social entre as pessoas, mas a diminuição da mesma! As chamadas redes sociais, tornam-se sua própria antítese, redes anti-sociais! E aí sim, tornam-se uma fuga total da realidade que as compõe.
Outra questão que vale abordar, é a da Identidade. Digamos, por exemplo que Novinha é destruída socialmente, torna-se um objeto pelo próprio meio social que frequenta (se é que me entendem), ainda por cima alienada pelos estudos e pelo trabalho que só lhe compensam pelo ganho que vai gastar aos finais de semana, estes por sua vez que apenas a tornam mais ainda um objeto. Novinha então busca numa rede social o escapismo que precisava para construir sua própria (ilusão de) identidade. Lá, Novinha se torna alguém, com seus caracolhecentos amigos, alguém importante, conhecida, com sua própria página, seu próprio visual. Lá Novinha existe socialmente. E vocês acham que Novinha vai preferir a realidade social em que não existe, é ninguém, ou a irrealidade social em que acredita existir e ter a própria Identidade?
Escapismo sequer é a palavra certa para descrever o fenômeno das redes sociais, pois não é apenas de uma válvula de escape que falamos, mas sim de uma compensação, uma quase que total substituição da realidade, que encontra-se dentro dela própria. Não bastasse isso, ainda é como o álcool ou o cigarro, um escapismo socialmente aceitável. Ninguém se importa com os fatores que citei acima (por mais óbvios que sejam), pois todo mundo tem, é algo comum e tudo aquilo que é comum nunca tem problema, é sempre aceitável.
Por fim, ainda tenho obrigação de tratar de uma questão importante, a parte das redes sociais que lembra a chamada gamefication. Pra quem não sabe, é a adição de aspectos oriundos de jogos eletrônicos, onde eles não existem (e por muitas vezes não deveriam, mesmo, existir). Um exemplo de gamefication da realidade seria ganharmos pontos por cozinhar ou escovar os dentes, por exemplo. Pretendo fazer um post somente sobre esse assunto no futuro, mas vou usar como referência para outra expressão: a netfication. Durante todo esse post eu mencionei como as redes sociais são ligadas à realidade pela qual tentam compensar, mas o problema é quando elas (sendo uma pseudo-realidade) sucedem nisso. As interações sociais, então, que antes aconteceriam de forma natural e pessoal, acabam por ocorrer com o auxílio de uma ferramenta tão destrutiva. Um exemplo seria a menção ao fato de que, ao mandar uma certa interação (digamos, um "Curtir" no facebook, um "Reply" no twitter ou qualquer coisa assim), ficam implícitos valores de uma interação. Quando, claro, as interações sociais são impossíveis, dadas a distância ou qualquer coisa assim, as redes sociais se tornam ferramentas sociais, sim. No entanto, quando as interações reais são possíveis, por exemplo, quando Novinha poderia dar uma indireta para Cachorro durante o rolê de sábado, Novinha prefere colocar essa indireta digitalmente, pois está mais acostumada com a interação social de uma representação falsa de realidade, do que com aquela real. Isso que eu chamo de netfication, não era necessário o aspecto da rede social na situação, mas mesmo assim ele aparece apenas para torná-la mais interessante mediante o simples fato de não ser a própria vida, e sim um medium digital para as interações desta. Um comportamento ilógico dentre tantos, não?
Vou parar por aqui, espero que tenha sido uma leitura decente. Desculpem pela demora e pela falta de imagens, mas foi meio corrida essa semana. Fiquem com essa música que acho legal pra cacete.
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Desabafo: Meu repúdio à sexualidade social
Todos nós temos sexualidade social, afinal todos nós expressamos nossa sexualidade socialmente, principalmente tendo em vista que as próprias convenções sociais não passam de um arranjo ideológico para a realização de nossos instintos dentro da sociedade (ao meu ver). No entanto, o problema é quando esses instintos são tão à flor da pele, que a sexualidade passa a ser a característica chave do indivíduo em questão! No caso do homossexual, como eu já disse há muito tempo aqui no blog, é natural que isso aconteça, tendo em vista a repressão que sofreu e sofre, afinal tudo aquilo que é reprimido um dia volta, ainda que de outra forma. No entanto, a expressão exacerbada dessa sexualidade, como comentei aqui, reduz o ser humano presente naquele cidadão a um status de animal! Meu conselho a um gay: Expresse sua sexualidade, mas destaque-se pelo seu intelecto, carisma, pela sua cultura, qualquer coisa, menos por isso. Meu conselho a um hétero: idem. O mundo hétero masculino, carregado de seus preconceitos e comportamentos caninos, é nojento, no entanto o mundo gay se diferencia deste apenas em suas características cosméticas, mas não adota um comportamento menos canino. Eu diria há alguns dias que o mundo hétero feminino é igualmente terrível e que o único que teria alguma salvação seria o mundo lésbico, mas me decepcionei com um comentário como esse (que inclusive, era O MAIS POSITIVADO).
O problema é que a hipocrisia atinge níveis absurdos quando se trata da repressão da homossexualidade. Todos acham um absurdo se um homem hétero tenta conquistar uma mulher lésbica, mostrando total desrespeito por sua orientação sexual, no entanto quando um homossexual tenta conquistar um hétero, parece uma história incrível e poética? Como assim?! Se um homem hétero afirmar que "Todo homem tem que gostar de mulher, é o certo e todos gostam, os gays são uma mentira criada pela sociedade." ele vai ser execrado, mas um comportamento como esse é aplaudido?! A repressão justifica algumas coisas, outras não.
A partir do momento que um talentosíssimo violinista gay solta a franga, veste uma roupa rosa coladinha e grita "AIIII SOU BIXA" pro mundo, todos vão (com razão) ignorar o fato de que ele é um excelente violinista e de "o violinista" para os outros, passará a ser "o viado que toca violino", ainda que seu comportamento seja aplaudido pela comunidade gay, que ainda vai se orgulhar dele. Se um violinista hétero aparece rodeado de vadias, batendo na bunda delas, e dizendo "SOU O MACHÃO", será igualmente aplaudido pela comunidade hétero e passará de "o violinista" para "o violinista putanheiro pegador". O que quero dizer é que a expressão da sexualidade por cima de outros valores, que adquirir uma identidade social baseada em sua maior parte por sua sexualidade, é igualmente ruim, sendo gay ou hétero.
Outro conselho para que o mundo gay possa conviver em paz com o mundo hétero: Dissolvam esses mundos e criem um só. É a presença deles, a presença de fatores de isolação social da sexualidade que gera o estranhamento de uns com os outros.
Não criei esse post direcionado a gays nem héteros, isso é apenas um desabafo, tendo em vista o absurdo que li há alguns dias, somado a outras reflexões do cotidiano.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Como todos somos estuprados desde a infância
Acredito que muitos já devem ter questionado porque estavam a aprender certa matéria e o educador que a ensinava respondeu veemente que "Cai no vestibular." Ora, nada podemos fazer, se "cai no vestibular", senão aprender se quisermos entrar numa universidade, certo? No entanto, mesmo caindo no vestibular, não muda o fato de que, dependendo do curso que pretendemos fazer (ou se não pretendemos fazer nenhum), o conhecimento adquirido ali continuará inútil. A escola não cria o aluno como uma preparação para o ensino superior* ou lhe dá estudo, educação, mas sim ensina-o a passar em testes programados. Todo o sistema, desde a nossa primeira série, até o ensino superior (que triunfa ainda em alguns outros aspectos), baseia-se no simples sucesso em testes e/ou atividades mecânicas.
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Na lousa: "Não vou instigar revolução" |
Ora, devo confessar que, vendo as coisas por esse lado, sinceramente dou mais valor a um aluno que burla o sistema e faz apenas o suficiente para passar de ano, do que àquele aluno considerado exemplar, que tem as melhores notas. Claro que nossa sociedade aplaude mais ao segundo e execra (até pune!) o primeiro, no entanto é importante lembrar que falo da mesma sociedade que aplaude mais àquele que trabalha feito um desgraçado a vida toda (sempre defendendo os interesses de outros e nunca os próprios), para ter sucesso financeiro e ascensão social. Mesma sociedade que aplaude aquele que trabalha duro a semana toda, para ter sucesso financeiro e poder descontar todas suas frustrações no simples ato de comprar e provar que valeu a pena todo o esforço. É a mesma medíocre e alienada sociedade que aplaude o cidadão alienado, quem aplaude o aluno que nada mais é que um protótipo do próprio cidadão, um robô mirim.
Primeiro, desde a infância, somos estuprados cada vez mais, durante anos, apenas para que nos preparemos para o grande estupro da alienação pelo trabalho. Perdoem-me o exemplo tão chulo, mas da forma como eu vejo as coisas, o sistema educacional, a escola antes do trabalho, é como se desde a infância fôssemos FODIDOS NO CU por um consolo cada vez maior, para enfim encararmos o Shane Diesel sem reclamar, pelo resto de nossas vidas. O ensino técnico que o diga, é como se fosse o primeiro cacete humano que se encontra entre o último consolo de látex e o Shane. Frustrados pelo abuso repetido e constante, pela inércia e pela insatisfação de seus anseios pessoais, satisfeitos apenas na compra de mercadoria, estes chamados cidadãos desejam as mesmas frustrações no outro, e se orgulham quanto mais estuprados estes são.
E sabem o que é o pior de tudo? É que o ciclo vicioso se repete, com os pais descontando tais frustrações nos filhos, desejando que os filhos sofram o mesmo estupro que eles, ou que possa compensar o estupro (que para eles não foi compensado) com seu belo Biscoito Scooby.
Acho que se continuasse minha crítica, começaria a ser redundante e não o desejo. Quero pedir desculpas pelo atraso de um dia da postagem, mas não consegui escrever na quarta-feira e me faltou a inspiração para fazê-lo anteriormente. Uma boa vida, com o mínimo possível de estupros, a todos. Fiquem com uma música MUITO foda.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
A relação entre alienação pelo consumo, rebeldia adolescente e precocidade

É claro que este muito provavelmente não é o único fator que contribui para a rebeldia cada vez maior. Poderia argumentar que, por exemplo, isso se dá pelos pais desejando a própria realização pessoal nos filhos, não os impondo, tanto consciente quanto inconscientemente, as mesmas barreiras às quais ficaram à mercê durante sua infância e puberdade. Além dessa, muitas outras causas são possíveis, mas não consigo deixar de enxergar a relação entre precocidade e consumo, ainda que não seja o último o único responsável por ela.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
(Conto) A Maldição das Borboletas
Era uma vez, há muito tempo atrás, uma terra de segredos e magia; e de seres gerados por tais segredos, seres infusos em tal magia. Nossa estória, caro leitor, ocorreu em uma mágica e linda floresta, situada nos confins deste mundo mágico e antigo, longe da malícia e ambição de qualquer ser intitulado “humano”. Pois enquanto as estórias nos quais estes envolvem-se sempre terminam em violência, luxúria e traição, nossa estória ocorreu e terminou pelos mais profundos instintos e pela mais límpida inocência.
Mas antes que você, caro leitor, abandone este mundo mágico que lhe espera e procure algo que melhor satisfaça seu interesse, trago de uma vez a pequena aventura do fado.
Pela floresta mágica, onde a tão dita magia fluía tão abundante que podia ser vista brilhando no ar sem precisar de razão para isso, vagava um fado - e por fado me refiro como deve imaginar, ao masculino de fada. Vagava alegremente, nu, em suas pequenas dimensões corporais, porém com um corpo de trazer suspiros às fadinhas de sua árvore - e até a alguns fados, dos mais ousados, também!
Mas não pelas fadas, tampouco pelos fados, batia o coração do jovem ser místico. Não, o dono de seus pensamentos, quando coletava o pólen das flores, era na verdade um par de asas! Oh, nesse ponto é importante ressaltar que além do rosto e do corpo, as asas eram um atributo da estética levado em demasia a sério pela sociedade dos pequenos seres mágicos.
Nunca vira o rosto, ou o corpo do par de asas que, de vez em quando, ao longe, capturava a atenção dos quase microscópicos olhinhos do coletor de pólen mágico. Mas era o suficiente para que o amor – e sim, falo daquele à primeira vista – fluísse do coraçãozinho alado. Oh, que asas lindas seriam aquelas que em flores tão longes, de um jardim da floresta que nunca ousara aproximar-se, colhiam também a essência das flores? Mas não importava a quem pertencessem, fosse fado ou fada, nosso protagonista às desejava com fervor.
E num dia em que, como todos os outros da floresta mágica, o Sol brilhava radiante no céu, banhando as plantas com sua flamejante sabedoria, o fado decidiu-se: voaria até o jardim ao longe e confessaria seus sentimentos para quem quer que fosse o dono daquele lindo e maravilhoso par de asas. E voou.
Mas ó, caro leitor, devo adverti-lo que, quando alcançou seu destino, o humanóide alado teve uma surpresa e que, nossa estória agora há de tomar um rumo trágico.
Quando o fado viu a quem pertencia o par de asas, pela primeira vez em séculos, sentimentos escuros tomaram o coração de um habitante da floresta mágica e, também pela primeira vez em séculos, o Sol deixou de brilhar no céu e nuvens negras e tempestuosas tomaram o antes azul brilhante que reinava acima dos seres mágicos que lá habitavam. Oh, sim, pois, diferente do que nosso protagonista esperava, quem possuía o par de asas não era uma linda e graciosa fada, tampouco um belo e viril fado. Oh, não, caro leitor, quem, ou melhor, o quê possuía as mais lindas asas que o fado já vira na vida, era, sem mais delongas, uma mariposa.
E como num passe de mágica, todos os sentimentos lindos e azuis que antes tomavam conta de nosso protagonista em relação à mariposa, tornaram-se cruéis e vermelhos e impulsionado por seu ódio e pela tensão que alimentou, durante tanto tempo, forçou a inocente e desprevenida mariposa contra a flor que esta colhia e, num ato obscuro que nenhum outro fado, seres de maravilhosa bondade e inocência, jamais realizara, violentou o inseto.
E como quem não fizera nada digno de atenção, foi-se embora e o sol raiou novamente por cima da chuva, formando um grande e belíssimo arco-íris.
Mas nossa estória não termina por aqui, caro leitor. Pois, alguns dias depois do ato odioso de nosso protagonista, a mariposa colocou seus ovos, como faria. Mas da união antinatural que o fado forçara sobre ela, nasceram as primeiras larvas que, mais tarde, em seus casulos, criariam lindos pares de asas como os de sua mãe e seriam, de toda a criação, as primeiras borboletas.
Fim.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
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